Publicado em 06 de fevereiro de 2025 por Mecânica de Comunicação
O projeto de estações de tratamento de esgotos (ETE) é direcionado pelos constituintes potencialmente danosos ao meio ambiente, como areia, metais pesados e microrganismos capazes de causar desequilíbrios nos mananciais. Assim, geralmente a caracterização dos esgotos destina-se exclusivamente à definição do tipo de tratamento que será adotado, desconsiderando-se uma caracterização dos constituintes dos esgotos de forma mais aprofundada, pois os projetos não requerem um nível de detalhamento tão específico e os custos para essas análises, além de demandarem um maior tempo, também são significativos.
Porém, com relação aos aspectos de durabilidade do concreto, é importante compreender de forma mais aprofundada quais são os constituintes, presentes no esgoto, capazes de agredir o concreto para proposição de medidas de proteção que garantam vida útil considerável ao concreto das ETEs.
O ambiente de Estações de Tratamento de Esgotos é extremamente agressivo ao concreto, principalmente devido ao ataque por ácido sulfúrico oriundo de atividade biogênica. Porém, outras manifestações patológicas estão presentes, tendo diversas origens, que acarretam diferentes sintomas e mecanismos de deterioração. Falhas construtivas podem também potencializam a ocorrência de manifestações patológicas.
Um estudo de 2012 relata o ataque complexo que acontece em uma ETE analisando três unidades específicas: canal de entrada, decantador primário e tanque de aeração. Os autores obtiveram dados de projeto relacionados ao consumo de cimento, tipo de agregado e cobrimento e avaliaram os seguintes parâmetros: teor de cloretos, absorção de água, resistência à compressão, constituintes químicos (obtidos por difração de raios X), carbonatação, corrosão (analisado pelo método do potencial eletroquímico).
A durabilidade do concreto está estritamente relacionada à sua permeabilidade tanto à água quanto aos gases, pois é essa propriedade que torna possível o transporte de agentes agressivos para o interior do concreto ocasionando sua deterioração. Essa propriedade é relevante para tanques destinados ao tratamento de esgoto. A permeabilidade do concreto dependerá de fatores relacionados à relação água/cimento e até mesmo da idade, assim como da presença de adições minerais. Conforme observado, os mecanismos de deterioração estão relacionados entre si e um pode desencadear outro.
Além disso, a durabilidade tem ligação com as medidas preventivas adotadas em fase de projeto e aos cuidados tomados durante a execução das estruturas. Assim, prescrições normativas quanto ao cobrimento, relação a/c e resistência do concreto relacionados à classe de agressividade a que o concreto estará exposto são bastante relevantes. Existem diversas normas internacionais que classificam a agressividade do meio e determinam parâmetros de especificação de concretos, como é o caso da norma americana ACI 318, norma europeia EN 206- e a norma britânica BS 8500-1:2006. O Brasil também trata do assunto nas normas ABNT NBR 6118 e ABNT NBR 12655.
Muitos trabalhos têm sido desenvolvidos no sentido de proteger e prevenir o concreto contra o ataque de agentes agressivos. Em uma ETE do Irã, foi aplicada uma camada de epóxi na laje de fundo de um tanque de tratamento e concluíram que essa camada apresentou um grande efeito benéfico ao concreto. A execução de revestimentos poliméricos nas áreas superficiais expostas do concreto impede a ação física e também inibe os efeitos químicos e biológicos provocados pelo contato direto do esgoto com o concreto, garantindo assim maior durabilidade à estrutura.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação da deterioração das estruturas de concreto de estações de tratamento de esgoto, defendida por Nayara Gracyelle Dias, no Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal de Goiás, sob orientação da professora Helena Carasek e coorientação do professor Oswaldo Cascudo.
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