Publicado em 17 de abril de 2025 por Mecânica de Comunicação
A produção de óleo de palma cresceu na última década, resultando em uma expansão da área global de plantio de 10,4 para 28,7 milhões de hectares entre 2000 e 2020. Várias pesquisas mostraram que uma parte significativa dessa expansão ocorreu por desmatamento de florestas tropicais nativos, principalmente na Indonésia e na Malásia, os líderes mundiais de produção.
Governos de países em desenvolvimento e emergentes em todas as regiões tropicais promoveram o cultivo da palma de óleo como um dos principais contribuintes para erradicação da pobreza no campo, principalmente entre pequenos produtores familiares, bem como para garantir segurança alimentar e independência energética.
Diversos modelos globais de aptidão biofísica para o plantio da palma de óleo consistentemente classificaram o Brasil como o país com elevado potencial de expansão. Em 2010, o Governo do Brasil lançou o Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma visando incentivar o desenvolvimento do dendê em áreas já antropizadas de 31,8 milhões de hectares. No âmbito desse programa e em resposta aos desafios econômicos, sociais e ambientais relacionados ao crescimento do plantio da palma de óleo observados em outros lugares do mundo, principalmente no sudeste asiático, a Embrapa elaborou em 2010 o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da cultura da palma de óleo nas áreas desmatadas na Amazônia Legal. Os resultados servem para ensejar relevantes impactos para o desenvolvimento de uma região no Brasil que ainda é caracterizada por pobreza considerável, com baixos Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).
Como potenciais impactos socioeconômico-ambientais destacam-se, entre outros, o aproveitamento de áreas degradadas já desmatadas para geração de renda em regiões com baixo desenvolvimento econômico; a proteção de solos de áreas degradadas contra erosão; o sequestro de carbono; a redução da pressão sobre as florestas nativas por oferecer ao produtor uma alternativa de renda sustentável financeiramente; a inserção social por fixar o homem no campo; a criação de uma fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel na região Norte.
Apesar do potencial expressivo para a expansão da palma, os investimentos em novos plantios de 2010 para cá ficaram muito aquém do potencial indicado pelo ZAE, por falta de segurança jurídica em virtude de irregularidades e conflitos fundiários, entraves e burocracia na regularização da propriedade das terras, o custo Brasil e a falta infraestrutura adequada que abrange estradas, esmagadoras, usinas de biodiesel, e portos. Entende-se que para fomentar o plantio da palma, é imprescindível prosseguir com alto padrão de sustentabilidade, porém, a expansão sustentável depende de uma série de políticas públicas governamentais e estaduais.
O cultivo da palma no Brasil geraria diversos benefícios sustentáveis para nossa nação, como o reflorestamento de áreas desmatadas na Amazônia Legal, sequestro de CO2, geração de renda e emprego através da agricultura familiar, produção de biodiesel, reaproveitamento de resíduos ao produzir subprodutos sustentáveis, além de ser uma boa opção de investimento. Ademais, o fato de o óleo de palma produzido no Brasil ser proveniente de áreas já antropizadas seria um diferencial que poderia abrir portas para mercados mais exigentes no que diz respeito à sustentabilidade.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Produção sustentável de óleo de palma: estudo de caso da Denpasa, defendida por Antonio de Brito Pacheco e Silva, na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas – EESP - FGV, sob orientação do professor Bruno Galvêas Laviola.
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