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Publicado em 01 de maio de 2025 por Mecânica de Comunicação

Reciclagem pode contribuir para sustentabilidade econômica na área de resíduos sólidos urbanos

Atualmente, é fundamental observar a sustentabilidade financeira do sistema de manejo e limpeza dos resíduos sólidos urbanos (RSU), avaliando o seu nível de autofinanciamento, compreendendo as fontes dos recursos e a cobertura dos custos. É necessário obter respostas sobre o real cenário do equilíbrio entre os sistemas de financiamento através da cobrança dos serviços de limpeza pública e coleta dos RSU inclusos na taxa do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e se esse valor arrecadado atende aos custos gerados. No Brasil, mais de 50% dos municípios não cobram pelos serviços públicos de limpeza urbana, e, quando cobrados, esses valores são insuficientes para cobrir as despesas com a prestação dos serviços.

Um estudo econômico avaliou a sustentabilidade alcançada em uma empresa de tintas imobiliárias que buscava formas de reduzir seus custos de produção de resina, importante componente na fabricação de tintas e revestimentos. O empreendimento optou pela utilização de PET reciclado para produção de resina alquídica, obtida a partir de parcerias com cooperativas de reciclagem para o fornecimento dos flocos de PET reciclados. O resultado da utilização desse material gerou economia de mais de R$1.400.000,00 ao ano em matérias-primas e despesas gerais de fabricação, já que o PET reciclado exige menos processamento que as matérias-primas originais, sendo uma economia equivalente a 5% dos custos de produção da resina.

As práticas de reciclagem e a utilização dela nos processos produtivos trazem uma eficiente economia financeira. Outro exemplo disso foi o estudo que buscou calcular os benefícios econômicos e ambientais da reciclagem, gerados a partir da atuação de 33 cooperativas de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro no ano de 2008, computando os recursos financeiros e ambientais poupados pela economia fluminense em função da recuperação de materiais presentes nos resíduos e passíveis de reintrodução no circuito produtivo, como matéria-prima secundária.

As economias totais de recursos dos quatro grupos de recicláveis avaliados (papel, plástico, metal, alumínio), insumos na produção de materiais, atingiram R$ 34 milhões. Do ponto de vista da contribuição per capita, cada catador da amostra foi responsável por aproximadamente R$ 27 mil poupados para a economia estadual e um volume de 17.606 toneladas de resíduos que deixaram de ser encaminhados para disposição final em aterros sanitários.

Uma vez estimada a quantidade física de recicláveis disponível é preciso encontrar uma mensuração em termos monetários. Para tanto, toma-se como referência o preço médio da tonelada de recicláveis praticado em cooperativas de catadores de resíduos, ou tabelado em associações nacionais de reciclagem como no Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE).

A eficiência econômica e o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis requerem informação prévia acerca do comportamento da produção total frente às alterações nas quantidades recicladas, por tipo de resíduo reciclável. Com isso, a produção de mercadorias através do reaproveitamento e reciclagem de resíduos tem-se mostrado uma prática tecnologicamente viável, ambientalmente correta e economicamente eficiente. Entretanto, sua contribuição ao sistema produtivo e interface com outras atividades ainda carece de mensuração e estudo mais detalhado.

Todos os exemplos citados mostram como é fundamental o conhecimento da eficiência e sustentabilidade econômica e financeira da reciclagem e do sistema de manejo de RSU nas cidades brasileiras, permitindo futuramente uma conclusão mais coerente das necessidades, fragilidades e potencial de retorno financeiro dos nossos municípios no tratamento dos resíduos sólidos.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Reciclagem como alternativa para eficiência e sustentabilidade econômica do setor de resíduos sólidos urbanos no município de Belém - PA, defendida por Heitor Capela Sanjad, no Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil (PPGEC) da Universidade Federal do Pará, sob orientação do professor José Almir Rodrigues Pereira.