Publicado em 22 de maio de 2025 por Mecânica de Comunicação
O setor da construção civil extrai enorme quantidade de recursos naturais utilizados como fonte de matéria prima (gipsita, para fabricação do gesso; calcário; materiais rochosos, como brita natural). Parte desses recursos naturais é descartado na forma de resíduos, denominados Resíduos de Construção Civil (RCC).
A significativa quantidade de resíduos, em sua maior parte, não tem uma destinação final adequada, o que acarreta inúmeros problemas nas localidades onde são indevidamente depositados. Como consequência, tem-se impactos negativos na fauna e flora, nos leitos dos rios, nos ambientes urbanos e, até mesmo, problemas em aterros sanitários pela disposição desses materiais nesse lugar. Problemas de saúde pública e prejuízos com esses materiais que deixam de ser reciclados são também consequências diretas dessa destinação inadequada.
A situação é bastante grave, porquanto 75% dos resíduos oriundos da construção nos municípios provém de pequenas 42 obras informais (construção, demolição e reformas) o que implica disposição irregular desses RCC nas cidades. A maior parte desse significativo volume é gerado em regiões urbanas compostas por estratos sociais mais carentes como favelas e bairros periféricos, onde predominam pequenas obras e reformas. Essas atividades são uma das maiores geradoras de RCC nas áreas urbanas e não podem ser mensuradas em área construída por serem desenvolvidas, geralmente, de maneira informal e pela diversidade dos serviços nelas executados.
A disposição inadequada dos Resíduos de Construção Civil compromete a paisagem urbana, prejudica o tráfego de pedestre e veículos, interfere na drenagem urbana, a eles são misturados outros resíduos orgânicos e não inertes e atraem vetores patogênicos tornando-se nichos dessas espécies no meio urbano.
Nesse cenário, torna-se imprescindível minimizar a produção dos RCC para a proteção e a preservação do meio ambiente. Desse modo, tal necessidade estimulou uma ampliação dos conceitos e princípios do desenvolvimento sustentável no tocante à implementação de uma política de gestão eficaz dos RCC. Assim, foram criados leis e decretos, como a Resolução nº 307/2002 do CONAMA e a Lei 12 305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), para a execução de tais políticas de gestão dos RCC em toda a sua cadeia de produção e, sobretudo, a sua disposição final ou possível reaproveitamento.
Outras ações por parte do poder público são empregadas a fim de regulamentar a gestão dos RCC, compartilhando essa responsabilidade com os estados e municípios e atribuindo responsabilidades também aos geradores. Essas iniciativas geram a perspectiva de uma nova cadeia produtiva que venha a conduzir a gestão de resíduos a um patamar mais adequado e condizente com a nova realidade que se apresenta, em que tanto o poder público quanto o setor privado trabalhem em conjunto para buscar alternativas viáveis para mitigação dos RCC e seu aproveitamento como matéria prima.
Desse modo, fomenta-se a promoção da gestão dos RCC para um nível no qual é possível conciliar a relação custo-benefício na busca por alternativas viáveis e consequente crescimento sustentável da indústria da construção civil. Esse, portanto, deve ser o princípio basilar a ser observado e seguido na gestão dos RCC em âmbito municipal para que haja a mitigação dos impactos tanto ambientais quanto sociais e econômicos.
Desta feita, a sustentabilidade na construção civil porta um alto grau de relevância para os objetivos globais. Esta observação tem como proposito buscar o reconhecimento dos caracteres técnicos que propiciem construções ecologicamente precisas proporcionando, assim, um sistema sustentável e gradativo de redução e reutilização dos resíduos sólidos de construção e demolição.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Diagnóstico da gestão e impactos ambientais dos resíduos da construção e demolição, defendida por Edmilson Gomes Júnior, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Pernambuco, sob orientação da professora Maria Isabela Marques da Cunha Vieira Bello.
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