Publicado em 30 de abril de 2020 por Mecânica de Comunicação
Um dos desafios da sociedade atual está relacionado à grande quantidade de resíduos sólidos produzidos. Dessa forma, como é possível lidar com a carência por sistemas de tratamento adequado desses resíduos e, ao mesmo tempo, satisfazer a crescente demanda por energia. No Brasil, a busca por alternativas para lidar com essas questões vem mobilizando o setor público e o privado no sentido de explorar soluções que, embora sejam usuais em países europeus e asiáticos, são pouco colocadas em práticas em outras nações.
No Brasil, a Lei nº 12.305 estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), definindo um novo paradigma na gestão de resíduos sólidos no país. Em seu artigo 3º, ela traz definições importantes para o segmento, como por exemplo, ela estabelece que uma destinação final ambientalmente adequada inclui a reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e o aproveitamento energético.
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) afirma que a recuperação energética é uma realidade e uma alternativa concreta para a destinação de resíduos sólidos urbanos. A tecnologia transforma o resíduo em energia elétrica e térmica por um processo amplamente utilizado ao redor do mundo, pois aproveita o poder calorífico contido nos resíduos sólidos para uso como combustível. A definição do poder calorífico é a quantidade de energia na forma de calor que é liberada pela combustão de uma unidade de massa, sendo expresso comumente em quilocaloria por quilograma (kcal/kg).
Uma das tecnologias é a incineração. Com um número elevado de unidades em operação comercial em todo mundo, especialmente, Japão, Suíça, França e Alemanha. A quantidade de material resultante do processo de queima, quando comparada à quantidade original de resíduos, corresponde a valores compreendidos entre 12% e 30% em termos de massa e 4% e 10% em termos volumétricos. A determinação da composição e conteúdo energético dos resíduos a ser incinerado é de fundamental importância para o dimensionamento correto da incineração e do sistema de limpeza.
Um estudo do Banco Mundial definiu alguns critérios-chave para o sucesso da implementação desse tipo de tecnologia, entre os quais estão o poder calorífico inferior (PC) dos resíduos e a quantidade anual disponível para o incinerador. Segundo o estudo, o PCI dos resíduos deve ser no mínimo 1443 kcal/kg ao longo de todas as estações e a média anual não pode ser inferior a 1672 kcal/kg.
Já digestão anaeróbia é um sistema de tratamento de resíduos indiferenciados. Este processo é dividido em duas fases: a mecânica – que são os meios de separação dos materiais recicláveis – e a biológica, que estabiliza a fração orgânica, tornando o material útil para outra utilização. Não se trata de um processo de tecnologia única, mas uma combinação de processos tecnológicos para alcançar um objetivo pretendido. Entre as principais finalidades da implantação desse sistema estão: aumento da recuperação de materiais recicláveis, produção de composto e fertilizantes para o solo, produção de material biologicamente estabilizado para o aterro, produção de calor e/ou energia elétrica e produção de combustível CDR (Combustível Derivado de Resíduos).
As principais vantagens deste sistema são a redução do volume e umidade dos resíduos para a destinação final, redução da quantidade de orgânicos dispostos em aterro e consequentemente a redução do potencial de formação de GEE.
As considerações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos com Aproveitamento Energético: Avaliação Econômica entre as Tecnologias de Digestão Anaeróbia e Incineração, defendida por Clauber Barão Leite, no Programa de Pós-Graduação em Energia do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, sob orientação da professora Virgínia Parente.
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