Publicado em 16 de julho de 2020 por Mecânica de Comunicação
A água é essencial para a manutenção da biodiversidade. Por ser um dos principais elementos presentes na natureza e responsável pelo equilíbrio natural dos ecossistemas, é um recurso estratégico para a humanidade. Além de manter a vida no planeta, é fundamental nas atividades econômicas.
Segundo a Funasa, considerando os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE/PNAD), apenas 34,5% dos domicílios nas áreas rurais estão ligados a redes de abastecimento de água, com ou sem canalização interna. No restante dos domicílios rurais (65,5%), a população capta água de chafarizes e poços, protegidos ou não, diretamente de cursos de água sem nenhum tratamento ou de outras fontes alternativas, geralmente inadequadas para consumo humano.
A situação é ainda mais crítica, quando são analisados dados de esgotamento sanitário: apenas 5,45% dos domicílios estão ligados à rede de coleta de esgotos e 33,25% utilizam a fossa séptica como solução para o tratamento dos dejetos. O restante 61,30% domicílios depositam os dejetos em “fossas rudimentares”, lançam em cursos d´água ou diretamente no solo a céu aberto.
Neste contexto, dada a importância e precariedade do saneamento no meio rural, o Plano Nacional de Saneamento determinou a elaboração de um programa específico para essas localidades, o Programa Nacional em Saneamento Rural (BRASIL, 2013). Todavia, é importante lembrar ainda que o meio rural é heterogêneo, constituído de diversos tipos de comunidades, com especificidades próprias em cada região brasileira, o que exige formas particulares de intervenção em saneamento básico, tanto no que diz respeito às questões ambientais, tecnológicas e educativas, como de gestão e sustentabilidade das ações.
Assim, a universalização do saneamento nessas áreas é mais difícil devido à carência de recursos, à dispersão demográfica e à distância da estação de tratamento de água, sendo que ações existentes ainda são pontuais, conforme disponibilidade de recursos financeiros e humanos.
Por conta dessa situação, uma forma alternativa para minimizar os problemas decorrentes da falta de saneamento nas áreas rurais é a implantação de tratamento de efluentes no local onde são produzidos, utilizando os sistemas naturais na interação. Estes sistemas não requerem mão de obra especializada, apresentam baixo custo energético e são menos suscetível às variações nas taxas de aplicação de esgoto, exigem pouca mecanização, demandam menos energia e produtos químicos, além de contribuírem pra o aumento do habitat para a fauna, denominados como sistemas alagados construídos ou wetlands (SACs).
Além disso, as plantas utilizadas nesse sistema, associam caráter estético (efeito paisagístico) com o bom desempenho na depuração do esgoto, facilitando a aceitação da sociedade para o emprego do sistema em comunidades, e assim tem sido apresentada como uma técnica ambiental economicamente viável para ser aplicada em comunidades rurais.
A aderência de uma tecnologia ecológica visa manter o sistema com sua eficácia e sustentabilidade, e assim gerar melhorias na qualidade de vida da população, além da manutenção da biodiversidade pela conservação dos recursos hídricos.
As considerações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Desenvolvimento de um Sistema Ecológico para Tratamento e Aproveitamento Agrícola de Esgoto Doméstico em Comunidades Rurais, defendida por Éllen Lemes Silva, no Programa de Pós-Graduação em Conservação de Recursos Naturais do Cerrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Urutaí, sob orientação do professor José Antonio Rodrigues de Souza e coorientação da professora Débora Astoni Moreira.
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