Publicado em 20 de agosto de 2020 por Mecânica de Comunicação
A necessidade de maior eficiência no setor do agronegócio, visando o aumento de sua competitividade, depende, entre outros fatores, da melhor gestão dos riscos e dos custos envolvidos. O insumo energia impacta cada vez mais de forma relevante tanto os custos como os riscos de produção.
Em relação aos custos pode-se mencionar: a adoção de novas tecnologias a exemplo da utilização de irrigação por gotejamento que aumenta a demanda; e o aumento real nas tarifas de energia no Brasil que pode ser constatado pela comparação do IPCA-Energia de 751,7% contra 342% do IPCA-Geral (2019).
Quanto aos riscos decorrentes do componente energia, a intermitência ou interrupção prolongada no fornecimento pode afetar períodos críticos da produção, motivo pelo qual geradores, usando como combustível o diesel, precisam ser instalados em algumas regiões nas épocas de colheita, aumentando os custos de produção.
A eliminação ou minimização do uso de máquinas e equipamentos, que hoje têm como fonte de energia quase que exclusivamente os combustíveis fósseis, surgem como outro desafio e oportunidade para o setor do agronegócio. Para se ter ideia da relevância do uso dos combustíveis fósseis no setor do agronegócio no Brasil, segundo estudo do Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, datado de 2010, 42,3% de todos os serviços de transporte no País foram utilizados pelos produtos do agronegócio.
Assim sendo, a condição favorável de irradiação solar incidente no território brasileiro, a disponibilidade de áreas para instalação de usinas fotovoltaicas, aliados também à redução de custos relativos ao uso de energia com a instalação de usinas fotovoltaicas, sugerem essa fonte de energia como uma opção economicamente viável.
Este tipo de geração de energia limpa está totalmente alinhado às metas internacionalmente fixadas, à legislação e às políticas públicas do país para a matriz energética desejável, igualmente em plena sintonia com preservação do meio ambiente. Ademais, o Brasil é um dos países mais propícios no mundo para o uso de sistemas fotovoltaicos para eletrificação rural.
As considerações acima foram extraídas da dissertação de mestrado A Energia Fotovoltaica no Agronegócio – Gestão de Custos e Riscos, Diversificação de Receita e Externalidades, defendida por Elias Mota Lima Junior, na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas – EESP – FGV, sob orientação do professor José Dilcio Rocha.
O estudo mostrou que o investimento para uso de energia fotovoltaica no agronegócio já encontrou um nível de custo viável para sua utilização. Nos três cenários projetados, todos os indicadores são favoráveis ao investimento, VPLs (Valor Presente Líquido) maiores que zero, TIRMs (Taxa Interna de Retorno Modificada) maiores do que a TMA (Taxa Mínima de Atratividade).
Vale ainda observar as externalidades positivas do investimento em Geração Distribuída (GD), visto que além da geração de uma energia limpa, a usina fotovoltaica gera empregos ajudando no desenvolvimento econômico e social local. Há ainda uma possibilidade de acúmulo de créditos de carbono, uma vez que a geração de energia limpa evita a utilização de outras fontes que produzem gases de efeito estufa.
Contudo, a dissertação ressaltou que o investimento é rentável para o caso analisado com base nas premissas econômicas, técnicas e legislações atuais, tendo-se em conta, porém, que o sistema de geração distribuída tem sido pautado por constantes mudanças as quais poderão interferir nos cenários projetados.
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