Publicado em 22 de outubro de 2020 por Mecânica de Comunicação
Hoje, todas as pessoas, em todos os lugares e todos os dias, têm contato com plásticos – sobretudo os de embalagem. Com isso, o uso de plásticos aumentou cerca de vinte vezes nos últimos 50 anos, crescendo de 15 milhões de toneladas em 1964 para 322 milhões de toneladas em 2015 e deve dobrar nos próximos 20 anos, dado o crescente número de atividades que utilizam os materiais plásticos.
Embora ofereça muitos benefícios, a atual economia dos plásticos tem desvantagens que vêm se tornando mais evidentes. Depois de um breve primeiro ciclo de uso, 95% do valor do material plástico das embalagens, o que corresponde a US$ 80–120 bilhões anuais, se perde. Uma impressionante proporção de 32% dos plásticos de embalagem escapa aos sistemas de coleta, gerando custos significativos em razão da redução da produtividade de sistemas vitais naturais, como os oceanos, e sobrecarregando a infraestrutura urbana.
O custo dessas externalidades pós-uso das embalagens plásticas, somado ao custo associado a emissões de gases do efeito estufa em sua produção, atinge cerca de US$ 40 bilhões por ano – superando o lucro agrupado da indústria de embalagens plásticas.
Dessa forma, a superação dessas desvantagens surge como uma oportunidade: aumentar a eficácia dos sistemas para obter melhores resultados econômicos e ambientais, mantendo os muitos benefícios dos plásticos. Nesse sentido, o viés econômico traçado pela Economia Circular tem estimulado os atores da cadeia produtiva da embalagem plástica a se adequarem às novas práticas de gestão, descortinando novas oportunidades de criar e preservar o valor a partir do que até então seria considerado resíduo.
Mas, a atual estrutura de implementação dessas práticas ainda é muito fragmentada. A falta de normas e de coordenação na cadeia de valor tem permitido uma proliferação de materiais, formatos, rotulagem, dimensões, sistemas de classificação e reprocessamento. Em seu conjunto, a pluralidade desses aspectos nas embalagens plásticas, permitem que elas apresentem propriedades únicas e ciclos de vida específicos, afetando o desenvolvimento circular desse mercado.
A falta de padronização na concepção das embalagens PET, por exemplo, torna complexo o processo de revalorização desse material. Isso porque o desenvolvimento e o lançamento de novos materiais plásticos e formatos para embalagens nas cadeias de suprimento e distribuição têm ocorrido muito mais rapidamente que o desenvolvimento e a implantação da infraestrutura pós uso. Embora as tecnologias de revalorização estejam evoluindo, a viabilidade econômica fica ameaçada diante das características incorporadas pelos fabricantes às embalagens PET.
Assim, é necessário superar as limitações das melhorias incrementais e das iniciativas fragmentadas de hoje para criar uma noção compartilhada de direção, estimular uma onda de inovação e mover a cadeia de valor do plástico para uma espiral positiva de captura de valor, maior solidez econômica e melhores resultados ambientais.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado A Estruturação dos Modelos de Negócio Circulares na Cadeia Produtiva das Embalagens Plásticas PET, defendida por Kamila Yoko Carvalho Komatsu, no Programa de Pós-Graduação em Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação dos professores José Vitor Bomtempo Martins e Clarice Campelo de Melo Ferraz.
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