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Publicado em 05 de novembro de 2020 por Mecânica de Comunicação

Emissão dos sistemas fotovoltaicos são consideravelmente menores ante as termelétricas

De acordo com o Atlas Brasileiro de Energia Solar, o potencial na área de energia solar é bastante robusto. Isso porque os valores de irradiação média anual global incidente em qualquer região do território brasileiro (1500-2500 kWh/m2) são superiores aos da maioria dos países da União Europeia, como Alemanha (900-1250 kWh/m2), França (900-1650 kWh/m2) e Espanha (1200-1850 kWh/m2), onde projetos para aproveitamento de recursos solares, alguns contando com fortes incentivos governamentais, são amplamente disseminados.

O Nordeste brasileiro é uma das regiões com maior potencial para geração solar, no entanto é a segunda região do país que mais gera eletricidade através das termelétricas, em sua maioria a carvão mineral, gás natural e a óleo combustível. A geração das termelétricas 43 da Região Nordeste representou 26% do total da geração termelétrica do Brasil no ano de 2015, atrás somente da região Sudeste que deteve 47% do total.

A utilização intensiva dos combustíveis fósseis como principal fonte energética desde a revolução industrial intensificou as emissões de gases de efeito estufa (GEE). No setor elétrico brasileiro, por exemplo, a substituição da energia hídrica pelas termelétricas convencionais resultou em um aumento da intensidade de carbono da matriz brasileira em 67,07% em apenas dois anos chegando a 137 KgCO2/MWh em 2014.

Assim, a dissertação de mestrado Perspectivas da Substituição Gradual de Termelétricas a Combustíveis Fósseis por Sistemas Fotovoltaicos em Microgeração Distribuída, defendida por Leonardo Araújo Caldas, no Programa de Pós-Graduação em Energias Renováveis, área de concentração em Meio Ambiente, Economia e Aproveitamento Energético, da Universidade Federal da Paraíba, sob orientação do professor João Marcelo Dias Ferreira e coorientação do professor Kleber Carneiro de Oliveira, mostrou que as emissões de GEE provenientes da geração de energia elétrica através dos sistemas fotovoltaicos em microgeração distribuída são consideravelmente menores do que as emissões associadas à geração através das termelétricas a combustíveis fósseis, podendo servir como ferramenta para controle das emissões de GEE da matriz elétrica brasileira e consequentemente honrar os compromissos ambientais internacionais firmados pelo governo.

Para isso, utilizou a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), ferramenta de avaliação de impacto ambiental que estuda os aspectos ambientais ao longo da vida útil de processos ou produtos. Ela consegue quantificar as emissões de GEE de forma ampla e completa, indo além das emissões causadas somente pela geração de eletricidade.

As fases mais críticas do ciclo de produção dos módulos fotovoltaicos são a transformação do silício metálico em silício solar e a montagem do painel. O primeiro se caracteriza pelo grande consumo de eletricidade, mesmo que seja utilizada a mais eficiente tecnologia de conversão, e a segunda por utilizar materiais de grande intensidade energética: estruturas de alumínio e coberturas de vidro.

Além disso, a dissertação mostrou ainda que, apesar de a viabilidade econômico-financeira ter se mostrado viável em 95,65% das cidades analisadas, ainda não se observa uma expansão acelerada dos sistemas fotovoltaicos distribuídos. Muito se deve ao alto custo inicial dos sistemas e à falta de linhas de financiamento para pessoas físicas com taxas de juros atrativas.

A fim de viabilizar a substituição das termelétricas por sistemas fotovoltaicos em microgeração distribuída o governo deve estabelecer políticas de incentivos mais incisivas. Com o gasto extra do governo para contratar energia termelétrica nos últimos anos seria possível criar mecanismos de subsídio para impulsionar a energia fotovoltaica no Brasil. Os países com as maiores parcelas de potência instalada de energia fotovoltaica do mundo tiveram políticas públicas de incentivo no início da expansão da energia fotovoltaica. Esses incentivos foram necessários para que a tecnologia ganhasse escala em um momento inicial, podendo ser retirados gradualmente no decorrer do tempo.