Publicado em 21 de janeiro de 2021 por Mecânica de Comunicação
Desde o início do século XXI, há um intenso movimento para “educar as crianças a aprender a agir de uma forma sustentável. E, este movimento é muitas vezes guiado por ideias de desenvolvimento sustentável (DS)”. Desta forma, emergiu, na comunidade internacional (mais especificamente em reuniões políticas internacionais) e, como tal, fora da comunidade educativa propriamente dita, o conceito de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) e Educação para a Sustentabilidade (EpS), como meta global.
Esse termo ganhou espaço no campo da Educação, principalmente após a UNESCO proclamar a “Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável”, no período de 2004 a 2014. Entretanto, a partir da consulta à bibliografia especializada, percebe-se que mesmo havendo, atualmente, vasta quantidade de publicações sobre o assunto, parece ainda não estar claro como a proposta da EDS se diferenciaria das propostas de Educação Ambiental (EA) existentes até então.
Na proposta da EDS, a expectativa educacional é que se atinja resultados definidos, ou seja, resultados que atendam aos princípios do DS e, por outro lado, a perspectiva da EA que adotamos não busca “resultados fixos, definidos e mensuráveis; a expectativa é que seja um processo aglutinador, dialógico, participativo, democrático e autônomo”.
Há diferenças em como é concebido o conceito de EDS nos países desenvolvidos, sobretudo na Europa, e como ela é concebida por pesquisadores aqui do Brasil, como já apontado, enquanto lá a proposta da EDS é vista com otimismo, aqui é vista com desconfiança por pesquisadores do campo da EA. Essas diferenças se concentram, sobretudo, nas distintas realidades político-econômicas entre essas regiões. A EA brasileira já há algum tempo tem se apresentado em uma crescente no sentido de superar o aspecto ingênuo e naturalista no qual o campo surgiu no Brasil nas primeiras épocas.
Devido às importantes contradições e indefinições no conceito e intencionalidades da proposta do DS, é que alguns autores propõem uma outra forma de “ser sustentável”. Para citar um exemplo, dentre os muitos conceitos que têm se apresentado como alternativas ao DS e que têm no cerne de suas propostas uma “sustentabilidade” que respeite as particularidades dos diferentes biomas, das diversas culturas e sociedades, apresenta-se o conceito de “Sociedades Sustentáveis” ou “SS”, que se refere à negação da possibilidade de existir um único modelo ideal de felicidade e bem-estar a ser alcançado por meio do desenvolvimento.
Enquanto para a proposta de DS, as pessoas parecem ser objetos do desenvolvimento, pela perspectiva da SS as pessoas, sobretudo aquelas de menor poder aquisitivo, seriam sujeitos do desenvolvimento. Isso porque a sustentabilidade, antes de tudo é um princípio ético e, por isso, não deve ser uma “proposta dura”, ou seja, algo que dure para sempre no mesmo formato e que seja dado da mesma maneira para todo o mundo, independentemente de qualquer coisa, como se todo o mundo tivesse os mesmos interesses e as mesmas necessidades. Mas, precisa ser, a sustentabilidade, capaz de se transformar e ser transformada de acordo com as reais necessidades das diferentes sociedades.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Os Conceitos de Sustentabilidade e de Desenvolvimento Sustentável na Produção Teórica em Educação Ambiental no Brasil: um estudo a partir de teses e dissertações, defendida por Diogenes Rafael de Camargo, no Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, sob orientação da professora Rosa Maria Feiteiro Cavalari.
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