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Publicado em 04 de fevereiro de 2021 por Mecânica de Comunicação

Prevenção do resíduo plástico a partir da avaliação do Ciclo de Vida da garrafa de água

O mercado da água engarrafada representa o mais crescente mercado de bebidas, com tendências a se tornar a categoria de bebida embalada mais consumida no mundo em termos de volume. Diversos são os motivos que levam o consumidor a escolher a água engarrafada em detrimento da água de torneira, como origens psicológicas e contextuais, passando por fatores como a conveniência, as normas sociais, o desconhecimento dos impactos ambientais, a preocupação quanto à qualidade da água, a questão do sabor, a possibilidade de consumir água com gás, entre outros.

Em 2015, o consumo global de água envazada superou a marca de 87 bilhões de galões (cerca de 328,86 bilhões de litros), sendo o Brasil responsável pelo consumo de 5.357,4 milhões de galões, perfazendo-se como o quinto maior consumidor mundial deste produto. Cerca de 50% da água mineral consumida é através de garrafões retornáveis de 20 litros.

Esse envase pode ser feito com embalagens de diferentes materiais, formas e cores. Por muitos anos o vidro foi o material mundialmente mais utilizado para este fim, mas a chegada do PET em escala comercial, o material passou a compor a maioria das embalagens de água engarrafada. Atualmente, as embalagens de vidro são utilizadas para águas de marcas que buscam adicionar status diferenciados ao produto.

Se por um lado o plástico tem inúmeras propriedades imprescindíveis para as aplicações em medicina, construção civil, segurança,  por outro lado, sua aplicação em materiais descartáveis se configura no rebaixamento da importância técnica e ambiental deste material. A produção de materiais plásticos utiliza cerca de 4% do petróleo mundial. Para o processo de extração de petróleo é demandada grande quantidade de energia e diversos impactos ambientais são ocasionados e aproximadamente 50% dos materiais plásticos são utilizados apenas uma vez antes de serem descartados.

Para mitigar esse dano, a aplicação de conceitos de economia circular faz-se urgente. Mas, é importante avaliar a efetividade desta aplicação, por meio de estratégias de medição, como a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Esse instrumento é bastante relevante para analisar o desempenho ambiental da gestão de resíduo sólido, possibilitando avaliação do conceito de economia circular e suas contribuições para a gestão de resíduo.

No caso da embalagem para envase de água, estratégias de prevenção do resíduo plástico também precisam ser consideradas, porque nem mesmo a substituição por plásticos biodegradáveis são adequados. Isso porque existe uma grande lacuna no entendimento da real degradabilidade dos plásticos no ambiente. Grande parte dos plásticos degradáveis são fabricados para que sua degradação pós uso ocorra sob condições específicas, muitas vezes atingidas apenas com equipamentos industriais. O material só pode ser considerado degradado após a sua descaracterização como polímero e os produtos serem minerais e água.

Assim, a degradação completa do plástico é rara, mesmo sob condições adequadas. Sob condições naturais não há dados suficientes para determinar a possibilidade e tempo de degradação completa. Portanto, um plástico degradável tem grande chance de se tornar microplásticos devido à degradação incompleta.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação do desempenho ambiental na abordagem de ciclo de vida do resíduo plástico à luz da economia circular, defendida por Heline Laura de Sousa Martins, na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, sob orientação da professora Ana Paula Bortoleto.