Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

BLOG SOBRATEMA

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 por Mecânica de Comunicação

Certificações de sustentabilidade construtiva geram benefícios para todos os públicos de interesse

O conceito de construção sustentável foi colocado pela primeira vez na Primeira Conferência de Construção Sustentável em Tampa, 1994, pelo professor Charles Kibert. De maneira geral, ele preenche dois objetivos principais: minimizar os impactos negativos da construção no ambiente, e simultaneamente, criar e manter condições ambientais saudáveis para os usuários dos edifícios ou para a população do entorno dos projetos desenvolvidos.

O binômio de objetivos propostos por Kibert é expandido, quando integrado ao conceito de projeto integrado sustentável, na interseção dos benefícios econômicos, sociais e ambientais para mais públicos de interesse além dos usuários. Nesse sentido, são oito públicos diferentes atendidos pela construção sustentável: proprietário, incorporador, construtor, gerente de instalações ou síndico, funcionários, comunidade do entorno e governos.

No caso do construtor, menores custos de produção podem ser alcançados pelos requisitos de redução de perdas e desperdícios. Em especial pela necessidade de organização dos canteiros de obras, com cuidados criteriosos no armazenamento de materiais, incentivo ao reaproveitamento, e controle dos resíduos gerados. A certificação de sustentabilidade construtiva pode contribuir ainda para a mitigação de riscos de acidentes com os operários.

Nesse sentido, os países estão usando ferramentas de acreditação de sustentabilidade construtiva cujas estruturas de avaliação são muitas e variadas, não havendo um sistema de classificação único acordado globalmente, sendo difícil a comparação. Existem em todo mundo mais de 600 métodos para assegurar a qualidade dos edifícios em termos de sustentabilidade.

Contudo, as certificações de sustentabilidade englobam recomendações práticas ou diretrizes para a seleção de materiais, produtos e sistemas.  Por isso, contam com inúmeros benefícios, incluindo a redução dos impactos ambientais dos edifícios, o recebimento de um rótulo ambiental credível, e como consequência as certificações contribuem para a diferenciação dos edifícios com base no seu desempenho ambiental, além da possibilidade de comparação transparente entre edifícios, para o estímulo à comercialização de edifícios sustentáveis e ainda, auxilia as empresas na demonstração dos compromissos empresariais de responsabilidade social e realizações.

No Brasil destacam-se três principais certificações de construção sustentável para o mercado comercial: a certificação brasileira AQUA-HQE da Fundação Vanzolini, a certificação americana LEED do USGBC, e a Etiqueta PROCEL EDIFICA.

As certificações de sustentabilidade construtivas LEED e AQUA-HQE requerem que o desenvolvimento do empreendimento seja concebido de forma multidisciplinar, ou seja, propõem mudança desde a fase do processo de projeto. O desenvolvimento dos projetos neste caso deve ocorrer de forma paralela e não mais sequencial, significando que os primeiros traços do arquiteto deverão contemplar os requisitos de solidez estrutural, conforto climático e acústico, requisitos de instalações que promovam economia de água e energia, a seleção de materiais de menor impacto ambiental e maior durabilidade e outros já na fase conceitual. As certificações apresentam também requisitos de qualidade, eficiência e economia em desempenho na manutenção e operação da edificação.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado As certificações de sustentabilidade construtiva LEED e AQUA-HQE e a agregação de valor nos processos produtivos, comerciais e operacionais de edifícios comerciais no Brasil, defendida por Cristiane Silveira de Lacerda, no Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável, da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação do professor Flávio de Lemos Carsalade e coorientação da professora Eleonora Sad de Assis.