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Publicado em 25 de fevereiro de 2021 por Mecânica de Comunicação

Água de reúso pode ser opção atrativa para prover a conservação de recursos hídricos

A água de reúso para aplicações menos nobres se tornou uma opção atrativa para prover a conservação e o aumento da disponibilidade dos recursos hídricos, pois pode substituir a água potável para usos que requerem um nível de qualidade menos restritiva.

Para o reaproveitamento de determinada água que já foi insumo para alguma atividade humana, é necessário empregar algum tipo de tratamento, que é definido a partir dos padrões e critérios de qualidade pretendidos para a sua reutilização. Assim, a prática do reúso ao mesmo tempo que diminui a demanda por água potável do sistema público e a retirada de água das fontes naturais, promove o tratamento e a reciclagem de esgoto e efluentes diversos, que deixam de ser fontes poluidoras dos sistemas hídricos.

Com relação à qualidade da água, a principal preocupação está na proteção da saúde pública. Riscos associados à saúde na prática do reúso da água constituem, na verdade, o ponto mais importante a considerar para se garantir uma água não apenas de acordo com os padrões de qualidade aplicáveis, mas segura em relação ao seu uso final. Evidentemente a qualidade da água de reúso deve ser compatível com o uso pretendido, mas o aspecto de prevenção de doenças de veiculação hídrica constitui sempre uma preocupação importante.

Para que seja possível o uso de efluentes de ETEs, é necessário que se observem alguns importantes padrões físicos, químicos e biológicos de qualidade dessas águas para as diversas aplicações de reúso. O uso da água, bem como o descarte de efluentes possuem padrões nacionais e internacionais.

A utilização de efluentes de Estações Municipais de Tratamento de Esgotos, especialmente para os usos urbano e industrial, trouxeram para os planejadores e entidades gestoras de recursos hídricos um importante instrumento, uma nova fonte de recurso ou substituição de fonte, para complementar a disponibilidade hídrica existente.

Um exemplo é o Aquapolo, situado em São Paulo, nas instalações da ETE ABC, de onde recebe o esgoto tratado para o tratamento complementar. Dos 2.000 l/s de esgoto tratado na ETE, 650 l/s são desviados para o Aquapolo, sendo que o mesmo pode tratar até 1.000 l/s. A Estação de Tratamento de Água de Reúso atinge os parâmetros de qualidades estabelecidos pelo cliente através de um processo de tratamento que inclui membrana de ultrafiltração e osmose reversa. Uma adutora foi projetada para permitir derivações, viabilizando o atendimento de possíveis clientes presentes ao longo de seu percurso.

Já no Rio de Janeiro, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) implantou dois projetos importantes de reúso através das ETEs Penha e Alegria. A ETE Alegria, projetada para uma capacidade de tratamento de 5,0 m³/s, hoje opera a uma vazão média de 2,5 m³/s, em razão de obras incompletas. Já a ETE Penha opera a uma vazão de cerca de 1,6 m³/s e o tipo de tratamento empregado foi, durante muitos anos, duas tecnologias distintas: lodo ativado convencional e filtração biológica. Entretanto, há aproximadamente 10 anos, segundo a operação técnica da ETE, os filtros biológicos encontram-se desativados.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação da Viabilidade de Implantação de Unidades de Reuso em Estações de Tratamento de Esgoto: Estudo de Caso para a Zona Oeste do Rio de Janeiro, defendida por Marcela Fernandes Pieroni, no Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politécnica & Escola de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação da professora Monica Pertel e coorientação da professora Iene Christie Figueiredo.