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Publicado em 18 de março de 2021 por Mecânica de Comunicação

Sistema de gestão possibilitaria destinação sustentável de veículos em final de vida

Sustentabilidade, não pode se limitar apenas a meio ambiente. Ser sustentável está muito além de cuidar das questões ambientais do planeta. Ser sustentável é agregar vantagem competitiva em suas ações, com resultados positivos ao bem-estar da geração presente e preocupados com uma melhor qualidade de vida das gerações futuras. Sustentabilidade é o meio ambiente como um todo, e não somente as partes.

As práticas de reciclagem, reutilização e incineração com recuperação de energia são estudadas, divulgadas e comparadas em diversas cadeias produtivas de diversos países. Ademais, a crescente conscientização dos consumidores com questões ambientais e o futuro do planeta, bem como o seu futuro e dos seus filhos, exigem que as empresas, governo, sociedade e indivíduos pensem em um novo modelo de Gestão do fluxo reverso. Essa nova sociedade faz com que se pense em novas estratégias de produção, não bastando apenas a qualidade do produto, mas o impacto que a fabricação do mesmo provoca no meio ambiente.

O automóvel é um produto manufaturado que utiliza a maior diversidade de materiais. Atualmente o destino dos materiais de um AFV (automóvel no final de vida) no Brasil é indefinido, apesar de ter legislação para a tratativa de alguns itens. Diferente de outros continentes como Europa e América do Norte que possuem as tratativas de destinação e Sistema de Gestão de fluxo reverso de materiais AFV.

A tendência mais comum nos países desenvolvidos é que os veículos sejam prensados e triturados logo após a segunda fase, o que dificulta ou até mesmo impossibilita uma boa separação dos diversos materiais. Mas é ideal que se tenha um sistema que possamos tornar uma reciclagem mais pura e que as partes a serem destinadas a valorização energética e aterros possam ser diminuídas. Nos Estados Unidos, a Associação Nacional dos fabricantes de veículos, realiza um programa que anualmente recicla parte dos 11 milhões de veículos com idade superior a 10 anos.

Além das quantidades recicladas no Brasil serem menores do que em países desenvolvidos, os materiais reciclados raramente retornam para a cadeia automotiva. Apesar de tecnicamente todos os materiais poderem ser reciclados, apenas pequena parte (menos de 30%) dos materiais automotivos são reciclados (materiais Ferrosos e Não Ferrosos, vidros, plásticos, pneus) podem ser reaproveitados na própria produção automobilística, e mesmo assim em funções menos nobres, exceto os metais.

Isso porque as barreiras à reciclagem de um automóvel não são simples. Enfrenta-se essa condição quando os automóveis contêm partes ou materiais que são de valor muito pequeno para justificar a separação para a venda, sob as condições atuais de mercado. Ainda, um automóvel apresenta uma grande variedade de materiais dificultando a reciclagem e não possui um sistema que torne economicamente viável todos os materiais. O carro é constituído por 70% de metais que é a parte mais interessante aos recicladores, 40 tipos de plásticos e outros materiais menos numerosos, tais como vidros, tecidos, papel, tinta, etc. que devem ser considerados em reciclagem.

Contudo, por meio de um sistema de Gestão AFV é possível realizar a destinação sustentável das partes dos veículos reciclados. Em Portugal, por exemplo, o Sistema de Gestão de AFV possui métricas que contabilizam a quantidade media em quilos dos materiais retirados dos veículos recolhidos e demonstram quanto eficiente está sendo a tratativa de reciclagem, reutilização e valorização energética. Como resultado há viabilidade econômica das operações de fluxo reverso.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Gestão de Automóveis Final de Vida no Estado de São Paulo: um Modelo de Reciclagem, Reuso e Destinação Sustentável, defendida por Milton Augusto Barbosa, no Programa de Pós-Graduação em Processos Tecnológicos e Ambientais, da Universidade de Sorocaba, sob orientação da professora Débora Zumkeller Sabonaro.