Associação Brasileira de Tecnologia
para Construção e Mineração

BLOG SOBRATEMA

Publicado em 25 de março de 2021 por Mecânica de Comunicação

Uso de biodigestores é alternativa tecnológica para agregação de valor na suinocultura

Atualmente, um grande desafio de regiões de produção intensiva de suínos é equilibrar a pressão pela concentração de animais em pequenas áreas de produção visando o aumento da produtividade e a pressão para que esse processo não afete o meio ambiente. Embora grande parte dos sistemas de manejo e tratamentos de dejetos em uso no Brasil reduzam o potencial poluidor, eles não permitem que o resíduo final seja lançado diretamente nos cursos d’água.

Além dos aspectos ambientais, os processos adotados para o tratamento dos dejetos devem proporcionar agregação de valor ao resíduo final, para torná-lo autossustentável economicamente, através da valorização agronômica do resíduo como fertilizante para a produção comercial de adubo orgânico ou também para a geração de energia térmica ou elétrica.

Nesse sentido, a utilização de biodigestores é uma alternativa tecnológica para o gerenciamento dos dejetos de suínos, o que permite a agregação de valor ao resíduo mediante a utilização do biogás produzido em sistemas de geração de energia e calor. Isso porque o esterco é considerado um fertilizante rico em nutrientes e uma fonte abundante de biomassa, que tem o potencial de ser convertida em energia renovável através de processos biológicos e/ou químicos.

Após ocorrer a biodigestão, o efluente que é liberado após todo o processo anaeróbico tem uma redução do potencial poluidor entre 70% e80% da carga orgânica – em DBO (demanda biológica de oxigênio), ou DQO (demanda química de oxigênio), bem como redução do potencial de contaminação infectocontagiosa em mais de 90%, quando acoplado a lagoas de estabilização.

O tratamento de dejetos suínos por digestão anaeróbica (biodigestor) possui muitas outras vantagens, tais como: capacidade de estabilizar grandes volumes de dejeto orgânicos diluídos a um baixo custo; produção de baixa biomassa e, consequentemente, menor volume de dejetos e menor custo; destruição de organismos patogênicos e parasitas, além da produção do metano que pode ser usado como fonte de energia.

Ademais, o biodigestor representa um recurso eficiente para tratar os excrementos e melhorar a higiene e o padrão sanitário do meio rural, contribuindo para o desenvolvimento sustentável como um todo. Como o biogás torna-se um potencial de geração energética renovável importante e um meio de canalizar plenamente os efeitos negativos da suinocultura criando valor econômico e contribuindo para o abastecimento de energia no país, torna-se importante fazer uma análise das iniciativas de produção por meio de indicadores de sustentabilidade.

Entretanto, quando se busca determinada disponibilidade de biomassa energética em um país ou região, é importante considerar as restrições de ordem ecológica, econômica (incluindo a social e a política) e tecnológica, pois, somente assim toda a biomassa potencialmente disponível pode assumir o conceito de reserva, a partir do qual se determina o potencial anual de produção.

Sendo assim, as restrições ecológicas estão associadas à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida. Já as limitações econômicas são analisadas em dois níveis, sendo que, em primeiro lugar, é necessário saber se a biomassa a ser explorada energeticamente não tem outros usos mais viáveis, como industrial ou alimentício, e em segundo lugar, se todos os custos da biomassa explorada são compatíveis com os 35 benefícios energéticos. Finalmente, as restrições tecnológicas se devem à existência ou não de processos confiáveis e operações para conversão da biomassa em combustíveis de uso mais geral.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Biogás e Energia: uma Análise da Articulação Organizacional entre Atores no Estado de Santa Catarina sob Ótica da Sustentabilidade, defendida por Eduardo Alves Beskow, no Programa de Pós Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, sob orientação do professor Hans Michael Van Bellen e coorientação do professor Lauro Francisco Mattei.