Publicado em 08 de abril de 2021 por Mecânica de Comunicação
Os danos ambientais, decorrentes de práticas construtivas e econômicas perniciosas, têm suas manifestações potencializadas e percebidas primeiramente nas cidades, sendo observados através do aumento de temperatura e dos índices de poluição atmosférica; de contaminação ou escassez das águas; da redução na produção de alimentos; e de quedas na oferta de energia, em contrapartida ao aumento do consumo em virtude da piora nos níveis de conforto humano.
Além desses aspectos, as alterações climáticas surgem como uma ameaça ao desenvolvimento urbano sustentável, colocando muitas cidades em risco assim como seus habitantes. Nesse sentido, a integração do conhecimento climático urbano às políticas de planejamento e o desenvolvimento de estratégias de minimização das consequências provenientes das mudanças climáticas têm recebido maior atenção nas últimas décadas.
Com o incremento na capacidade de resolução dos modelos atmosféricos globais, o ambiente urbano, com todas as suas peculiaridades geométricas, materiais de diversas propriedades térmicas e concentração de poluentes, começa a ser resolvido de modo que as cidades passam a ser identificadas nos sistemas gerais de circulação atmosférica.
Em termos de interação entre morfologia urbana e clima, o adensamento populacional e construtivo é considerado um indicador de sustentabilidade urbana ao possibilitar, por exemplo, a otimização de infraestruturas, a redução dos deslocamentos, o favorecimento de interações sociais, a movimentação da dinâmica econômica local, etc. Contudo, para que o adensamento tenha resultados qualitativos é imprescindível um planejamento adequado e seu efetivo desenvolvimento, pois do contrário, esse aspecto pode gerar consequências negativas.
É importante lembrar que o clima da cidade é produto das interações entre o ambiente construído e a atmosfera, e as alterações microclimáticas partem das introduções de fontes de calor antropogênicos e reduções do termo de calor latente, interferindo na forma como a energia é particionada no meio urbano. Assim, a busca por promover a melhoria da qualidade do ambiente urbano passa também pela avaliação de arquitetos e urbanistas quanto ao desempenho das diferentes soluções projetuais lançadas.
No caso do segundo bairro mais populoso da cidade de Vitória (ES), ao serem avaliadas as consequências térmicas do adensamento urbano, observou-se que os cenários mais adensados contribuíram na atenuação térmica diurna dos espaços urbanos. Em contrapartida, observou-se maior dificuldade dos cenários verticalizados em dissipar o calor absorvido durante o dia, apresentando lentidão na queda dos valores de temperatura a partir do momento em que a incidência direta da radiação solar foi reduzida e passou-se a contar com o resfriamento atmosférico característico do período noturno.
De modo geral, os dados de distribuição e velocidade da ventilação propiciada pelos distintos contextos edificados demonstraram que aqueles de menor verticalização e adensamento viabilizaram maiores velocidades de vento, o que contribui na dissipação do calor no período em que a incidência solar já não apresenta influência direta sobre as superfícies da área.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Análise do adensamento urbano no comportamento microclimático de Vitória (ES): aplicações no Modelo ENVI-met, defendida por Laiz Reis Leal no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo, sob orientação da professora Cristina Engel de Alvarez.
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