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Publicado em 29 de abril de 2021 por Mecânica de Comunicação

Contrastes regionais para o desenvolvimento da geração solar fotovoltaica distribuída e centralizada

A expansão e o desenvolvimento futuro da participação da energia solar fotovoltaica em todo mundo inclusive no Brasil exigem o aprimoramento de métodos científicos e tecnológicos, que tragam informações meteorológicas específicas para o controle e o planejamento de sistemas de energia, com base nas características e condições ambientais.

Nesse sentido, o Brasil apresenta em sua grande maioria climas tropicais e subtropicais com médias, latitudes e altitudes elevadas como na região Sudeste e no semiárido do sertão nordestino. Além disso, o território brasileiro possui extensão continental, abrangendo áreas de baixas e também de médias latitudes em seu território que experimenta diferentes padrões de precipitação segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.

Em termos de irradiação uma pesquisa observou ao longo de 17 anos um bom desempenho do modelo numérico de irradiação no Brasil, atingindo coeficientes de correlação (r) na faixa de 0,81 a 0,98 (REQM) e raiz do erro quadrático médio entre os valores de 395 e 467 Wh/m². Isso significa que mesmo as regiões com os menores índices de radiação apresentam ainda um grande potencial para o aproveitamento da energia solar fotovoltaica.

De acordo com o BIG - Banco de Informações de Geração da ANEEL, a capacidade de geração de energia solar fotovoltaica no Brasil até o final de 2018 era de 1.4 GW representando 0,83% da matriz elétrica do País. Deste total 442 MW correspondia à geração solar fotovoltaica distribuída. No entanto, a tendência de geração centralizada no Brasil é de crescimento acentuado, uma vez que os empreendimentos em operação naquele ano somavam 2.259, com potência de outorga de 1.4 GW e empreendimentos em construção e com construções ainda não iniciada somando 80, com um potencial outorga de quase 2.2 GW.

Nesse aspecto, o Brasil apresenta contrastes regionais importantes para o desenvolvimento da geração solar fotovoltaica distribuída e centralizada. Parte das regiões Nordeste e Centro-oeste apresentam áreas antropizadas com características viáveis para a implantação de usinas centralizadas, que poderiam atender aos grandes centros urbanos através da adequação ou construção de novas linhas de transmissão.

Por outro lado, as regiões Sudeste e Sul apresentam características propícias para a geração distribuída, nestas regiões estão localizadas as maiores concentrações populacional do país e, por consequência, maiores demandas de energia elétrica. Já na região Norte, grande parte de sua área é de proteção ambiental e concentram os menores índices populacionais do Brasil e grandes áreas desérticas, sendo dessa forma a geração distribuída a melhor opção para a região.

A  geração distribuída tem como desvantagens os custos para a implantação do sistema, que apesar dos avanços da tecnologia para a modernização dos equipamentos e das novas resoluções, ainda continua caro e inacessível a grande parte da população. Na geração centralizada as desvantagens mais contundentes são os impactos ambientais, principalmente na construção de usinas fotovoltaicas.

Contudo, a geração distribuída permite que o consumidor consiga descontos na fatura mensal de energia através do sistema de compensação e os impactos ao meio ambiente são menores, pois não a necessidade de grandes faixas de terra. Por fim, a geração centralizada tem como benefícios o grande potencial de produção de energia e a geração ou instalação de forma hibrida.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Desafios e Perspectivas da Energia Solar Fotovoltaica no Brasil: Geração Distribuída VS Geração Centralizada, defendida por Narlon Xavier Pereira, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, sob orientação do professor Antonio Cesar Germano Martins.