Publicado em 13 de maio de 2021 por Mecânica de Comunicação
O termo NAPL (non-aqueous phase liquids) é aplicado a um composto orgânico ou a uma mistura de compostos orgânicos, líquido e imiscível em água. De acordo com a densidade, um NAPL pode ser classificado em DNAPL, se for mais denso que a água, ou LNAPL, se for menos denso que a água, como gasolina, óleo diesel e óleo de aquecimento. Os LNAPLs mais comumente encontrados nas áreas contaminadas em postos de combustível são gasolina, diesel, óleos lubrificantes e etanol.
Além da densidade e composição, outras propriedades importantes dos LNAPLs são a viscosidade e a tensão interfacial. A viscosidade é a propriedade relacionada à resistência de um fluido ao movimento relativo e à deformação por cisalhamento durante o fluxo. É dependente da temperatura, sendo inversamente proporcional a mesma. Quanto menor a viscosidade, menos energia é necessária para um fluido fluir em um meio poroso.
Ao ser lançado na subsuperfície, o LNAPL pode chegar ao lençol freático. Os constituintes ou produtos químicos que o compõem podem ser removidos ao longo do tempo por vários mecanismos, tais como sorção, volatilização e dissolução. Contudo, a dissolução pode gerar alteração da qualidade das águas, pois frações dos compostos orgânicos se dissolvem, contaminando esse recurso.
A relativamente baixa solubilidade dos LNAPLs faz com que estes se tornem fonte de contaminação para as águas subterrâneas por longos períodos. Por outro lado, um benefício da sua baixa solubilidade é que a partição para o meio ambiente geralmente é pequena e os processos naturais muitas vezes atenuam os contaminantes de interesse em pequenas distâncias a partir da fonte.
Um parâmetro que pode auxiliar no gerenciamento de uma área contaminada com LNAPL é a transmissividade, termo hidrogeológico que significa a taxa na qual a água (ou outro líquido) é transmitida através de uma largura unitária do aquífero sob um gradiente hidráulico unitário.
A transmissividade do LNAPL (Tn), além de ser uma métrica para atendimento de padrões de legislação, pode ser utilizada para planejamento de testes piloto de recuperação de LNAPL e otimização de soluções de remediação, sendo uma importante ferramenta para tomada de decisões. A transmissividade também pode ser utilizada para avaliar se a perda de massa de contaminante por atenuação natural será mais ou menos eficiente que sua remoção por bombeamento, visto que em condições de mobilidade reduzida, a opção pela atenuação natural torna-se uma opção.
Existem vários modelos matemáticos utilizados para calcular a Transmissividade de LNAPL, entre eles, pode-se citar a Lei de Darcy, a norma E2856-13 da ASTM, o teste de Baildown, modelos de Bouwer & Rice (1976) e de Cooper & Jacob (1946).
É recomendável que os testes de Tn sejam realizados em períodos de baixa precipitação pluviométrica e sob condições de nível de água mais baixo, evitando-se que ocorra a formação de fase residual. Além disso, é importante também a realização de estudos pilotos para avaliar a Tn em solos heterogêneos e em aterros, a fim de quantificar a saturação de NAPL e água ao longo do perfil do solo, assim como as suas propriedades físicas nos diferentes horizontes.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Avaliação do parâmetro transmissividade de LNAPLS para a gestão de áreas contaminadas no Estado de São Paulo, defendida por Marcos Vinícius Corrêa Garcia, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema, sob orientação das professoras Juliana Gardenalli de Freitas e Mirian Chieko Shinzato e coorientação do professor Marco Aurélio Zequim Pede.
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