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Publicado em 15 de julho de 2021 por Mecânica de Comunicação

Reaproveitamento de resíduos da construção ajuda a mitigar efeitos sobre o meio ambiente

Em nível mundial, 60% das matérias-primas extraídas da litosfera são utilizadas no setor da construção civil. Essa porcentagem constata que o uso de recursos naturais finitos é extenso e há necessidade de dispor de métodos que sejam capazes de reutiliza-los ou reciclá-los, quando dispostos no meio ambiente após o seu uso. Outra problemática socioambiental é a produção de resíduos sólidos urbanos, em escala mundial, com um total de 1,3 bilhões de toneladas por ano ou 1,2 kg per capita por dia em espaço urbano.

Os países europeus geram, aproximadamente, 25% dos resíduos de construção e demolição (RCD) do mundo que estão estimados em 531 milhões de toneladas por ano. Dentre esses países, alguns reciclam mais que outros, como por exemplo, a Holanda e a Dinamarca, que reciclam 98% e 94% de seus resíduos, respectivamente. O que esses países têm em comum é a política fiscal. Ela incentiva a reciclagem com a imposição de taxas sobre o material residual destinado ao aterro.

A diferença entre os grandes tipos de obras da construção civil faz com que o resíduo seja de grande variabilidade. Um dos setores de engenharia que pode promover o uso de agregados reciclados (AR) que requerem menos investimento são os pavimentos urbanos e rodoviários. De fato, a aplicação de RCD como material de base rodoviária ou sub-base se configura num método eficiente para mitigar os seus efeitos sobre o meio ambiente e, consequentemente, consumir muito mais resíduo de demolição a fim de evitar sua disposição em aterros sanitários. Contudo, as propriedades físicas e composição dos agregados reciclados de construção e demolição variam de acordo com sua localização. Essa variação implicará na qualidade do material residual, no qual certamente influenciará em suas propriedades mecânicas.

Dois estudos diferentes mostram que o reaproveitamento de resíduos não ocorre de forma simples, rápida e de qualquer maneira. Muito embora o RCD venha sendo estudado há vários anos, nota-se que cada caso é singular. Contudo, as medidas de padronização para sua viabilidade em qualquer obra de engenharia devem passar por vários critérios para tornar válida a sua utilização. A triagem do RCD é uma ótima estratégia de padronização que separa os diversos tipos de materiais para que o desempenho do produto final atenda aos requisitos estabelecidos em normas.

É importante lembrar que o agregado compõe a maior parte das misturas asfálticas, com cerca de 90%, em peso. A fração fina, geralmente, contém grandes quantidades de cimento hidratado e gesso, não sendo adequado para fazer misturas de concreto fresco na maioria dos casos. A fração graúda, embora revestida com pasta de cimento, tem sido utilizada com sucesso em várias investigações laboratoriais e estudos de campo. Dentre as vantagens da reciclagem do agregado graúdo, tem-se: menor poluição ambiental, redução de espaço em aterro e economia do agregado natural, já escasso em alguns lugares.

Além disso, é consenso no meio acadêmico que a absorção de agregados reciclados é superior ao agregado natural. Uma das principais razões para isso está nos materiais cerâmicos e cimentícios que compõem o material residual heterogêneo, dado que são capazes de absorver grande quantidade de fluido devido a sua natureza porosa.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Aplicação de Concreto Asfáltico a Quente utilizando Resíduos da Construção e Demolição de Obras (RCD) em via Urbana na Cidade de Natal/RN, defendida por Manoel Lindolfo Queiroz Neto, no Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação do professor Enio Fernandes Amorim e coorientação do professor Fagner Alexandre Nunes de França.