Publicado em 12 de agosto de 2021 por Mecânica de Comunicação
Um dos maiores impactos aos recursos hídricos do País ocorre pelo despejo de esgotos nos cursos d’água receptores, que na maior parte das cidades brasileiras não recebe tratamento adequado antes do seu lançamento ou simplesmente são despejados sem qualquer tipo de tratamento. Como consequência, haverá alteração na qualidade do corpo hídrico e limitação no uso futuro dessa água.
O município de Aracaju apresenta um índice de coleta de esgoto de 49,4%, superior à média de Sergipe, correspondente a 29,6% e próximo à média nacional, que possui um índice de 60,2%. Na capital sergipana, todo o esgoto coletado passa por tratamento nas unidades operacionais da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) que devolvem o efluente tratado aos corpos d’água receptores.
Apesar do alto índice de tratamento do esgoto coletado, metade da população aracajuana ainda carece de rede de coleta e tratamento. Dessa forma, as edificações localizadas em regiões não servidas de infraestrutura de esgotamento sanitário, quando não despejam seus efluentes in natura de forma indiscriminada no solo e nos corpos hídricos, utilizam soluções individuais de tratamento de esgoto.
Essa deficiência no sistema de tratamento de esgotos impacta negativamente e de forma relevante na qualidade de vida humana e na preservação do meio ambiente, visto que acarreta na redução da vida média do homem, em virtude do aumento da mortalidade, por efeito do aumento de doenças, com consequente incremento nas despesas relacionadas a tratamento de doenças evitáveis, bem como o aumento dos custos do tratamento de água para abastecimento humano, e do mesmo modo, na poluição dos mananciais e comprometimento da biodiversidade aquática.
Em relação às regiões servidas de infraestrutura de esgotamento, o sistema é constituído normalmente desta sequência: caixas de inspeção no passeio, ramal predial, redes coletoras convencionais, coletores-tronco, interceptores, estações elevatórias, emissários, estação de tratamento e emissário do esgoto tratado até o corpo hídrico receptor. Em Aracaju, como na maior parte do Brasil, adotou-se o sistema separador absoluto, onde os esgotos e as águas pluviais são conduzidos em tubulações independentes.
A capital sergipana dispõe de 687,70 km de rede coletora de esgotos que, no ano de 2017, coletaram aproximadamente 19 milhões de metros cúbicos de despejos líquidos, conduzindo-os até quatro estações de tratamento, onde foram tratados e lançados em corpos d’água receptores. Algumas dessas estações de tratamento de esgoto (ETEs) são denominadas de estação de recuperação da qualidade (ERQ), dentre as quais, a ERQ Norte, responsável por tratar os esgotos da maior parte da cidade de Aracaju. Também se encontram implantadas a ERQ Sul, ERQ Oeste e a ETE Orlando Dantas.
No que diz respeito às exigências da Resolução 430 do CONAMA, as ERQ Sul, ERQ Oeste e ETE Orlando Dantas cumpriram de forma integral todas as condições para os parâmetros analisados. Apenas a ERQ Norte descumpriu a legislação, ao ultrapassar uma única vez o limite tolerado de 120 mg/L de DBO e não apresentar uma eficiência mínima de 60%. Referente às eficiências de remoção de poluentes, observou-se que, com exceção da ETE Orlando Dantas, as três outras estações apresentaram para os parâmetros de DBO, sólidos sedimentáveis e coliformes termotolerantes valores abaixo do esperado, para o tipo de tratamento adotado.
Isso mostra que é possível melhorar os índices de qualidade do esgoto tratado lançado nos corpos hídricos, de tal forma a reduzir as cargas poluidoras e seus impactos negativos no meio ambiente, com consequente manutenção da qualidade da água dos mananciais e redução significativa de problemas de saúde pública.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Análise comparativa de desempenho de estações de tratamento de esgotos sanitários de grande e pequeno porte em Aracaju, defendida por Matheus Carvalho Conceição, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, sob orientação da professora Luciana Coêlho Mendonça e coorientação da professora Tatiana Máximo Almeida Albuquerque.
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