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Publicado em 30 de setembro de 2021 por Mecânica de Comunicação

Educação ambiental crítica contribui para transformação da sociedade perante a questão ambiental

O cenário contemporâneo complexo e as múltiplas visões paradigmáticas de natureza e sociedade desencadeiam a proliferação de múltiplas abordagens conceituais e também da práxis em Educação Ambiental (EA). De modo geral, os ambientalistas pactuam com a ideia de que o objetivo primordial da EA é tornar os indivíduos capazes, ativos, orientados e conscientes do ambiente a das responsabilidades para com a conservação dele.

Embora as práticas e construções teóricas componham um catálogo variado de correntes, as tendências caminham em dois grandes blocos as Conservadoras e as Críticas.

A perspectiva de EA Conservadora se alicerça nas bases ecológica e afetiva da natureza, pautados no apelo a uma mudança de comportamento individual. Caracteriza-se pela objetividade e praticidade da compensação ambiental. Os danos causados pelo consumo excessivo são corrigidos pela opção ao “Consumo Sustentável”, reciclagem e diminuição da “Pegada Ecológica”. Ademais, o ambiente nessa vertente é desvinculado do componente humano e composto por recursos naturais passíveis de esgotamento. Assim, são valorizadas as práticas de sensibilização e contato, atividades ao ar livre, comportamentalistas e Alfabetização Ecológica, promovendo o conhecimento da natureza e o autoconhecimento.

Em contraposição à EA Conservadora, a EA Crítica busca promover o questionamento às abordagens comportamentalistas, dualistas e reducionistas na relação cultura-natureza, incorporando em seu fazer cotidiano a completa contextualização da questão ambiental. Os preceitos críticos, transformadores e emancipatórios refletem acerca de novos caminhos que considerem as necessidades de todos. Nesta concepção os problemas ambientais estão intimamente ligados aos conflitos sociais e, para superá-los há que se ter uma reforma multidimensional do conhecimento, dos valores culturais e éticos, das instituições e das relações sociais e políticas. A vertente Crítica se aproxima do pensamento complexo, não aceitando soluções práticas e reducionistas. O ambiente é ressignificado pela inserção do viés cultural, social e político.

Diante a uma crescente urbanização, é importante a participação da comunidade na construção de soluções para os problemas ambientais, uma vez que o enfrentamento à crise ambiental perpassa a compreensão dos seres humanos como parte integrante de um sistema, composto também pela cultura e pelo ambiente físico. A EA trata-se, portanto, de uma educação para a cidadania ativa, capaz de promover a sensação de pertencimento e corresponsabilidade individual e coletiva vislumbrando o entendimento e a superação das causas dos problemas ambientais.

A EA Conservadora tem se mostrado como uma tendência hegemônica, difundida em todas as esferas educacionais, baseada na transmissão de conhecimentos ambientais corretos e a partir disso, apostando na transformação da sociedade. Todavia, esse modelo de EA não surte o efeito desejado, já que a realidade demonstra o crescimento da degradação ambiental no Brasil e no mundo. Já a EA Crítica tem o potencial de afastar a visão simplista da mudança de comportamento individual e a concepção fragmentada do meio ambiente, bem como de ampliar a capacidade de análise das questões sociais para a efetiva transformação da sociedade perante a questão ambiental.

As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Educação Ambiental em Parques Urbanos na Cidade de Goiânia/GO, defendida por Ariana Cárita de Assis Marinho Silva, na Universidade Federal de Goiás, sob orientação do professor Leandro Gonçalves Oliveira.