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Publicado em 20 de janeiro de 2022 por Mecânica de Comunicação

Manejo florestal sustentável é viável, mas exige conhecimento amplo das espécies

No Bioma Mata Atlântica, a supressão de vegetação para instalação de atividades agropecuárias e a exploração florestal madeireira vinha sendo realizada sem qualquer critério até meados da década de 1990. Isso impactou quase a totalidade das florestas no estado de Santa Catarina. As áreas que não foram desmatadas sofreram intensa exploração madeireira e foram fragmentadas ao extremo.

Para frear a degradação que vinha ocorrendo, o governo federal publicou, em 1990, o Decreto nº 99.547, cujo Artigo 1º vetou por prazo indeterminado o corte e a respectiva exploração da vegetação nativa da Mata Atlântica em todo o Brasil.

Posteriormente, essa normativa foi substituída pelo Decreto nº 750 de 10 de fevereiro de 1993, o qual manteve a proibição, mas em seu Artigo 2º especificava que a exploração seletiva das espécies nativas nas áreas cobertas por vegetação primária ou secundária nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, poderia ser realizada desde que fossem observados alguns critérios para a autorização, como a elaboração de planos fundamentados em estudos prévios técnico-científicos de estoques e de garantia de capacidade de manutenção das espécies florestais. Em outras palavras, a exploração florestal no bioma Mata Atlântica só poderia ser realizada mediante o Manejo Florestal Sustentável.

Na região de ocorrência da Floresta Ombrófila Mista (FOM), também conhecida como Floresta com Araucária ou Mata de Araucária, historicamente vinha ocorrendo exploração de araucária, imbuia e xaxim para fins industriais, inclusive para exportação. Essa prática, aliada ao desmatamento para atividades agrossilvipastoris, ocasionou a redução dos estoques dessas espécies e fragmentou os remanescentes florestais a ponto de prejudicar a diversidade genética necessária para a manutenção das populações por longo prazo.

A exploração de florestas mediante o manejo florestal sustentável pode ser viável, mas para a sua realização devem ser respeitados preceitos de sustentabilidade econômica, social e ambiental. O conhecimento amplo das espécies é necessário para o sucesso do manejo. Na ausência de informações sobre as espécies a explorar, devem ser tomadas precauções visando minimizar danos às espécies.

O manejo sustentável deve considerar a conservação e melhoria da floresta, prevendo ações de recuperação, restauração, manutenção e regulação, a serem aplicadas nas unidades de manejo florestal. A sustentabilidade da floresta é mantida com a observação da capacidade de recuperação da biomassa, a manutenção da produtividade no futuro e da qualidade genética das populações.

Como resultado do mau uso das florestas no passado, inclusive sob o pretexto de manejo florestal sustentável, temos que, dos 22,9% das florestas naturais remanescentes em Santa Catarina, 12% estão em fragmentos com área entre um e três hectares, o que dificulta a manutenção dos processos ecológicos. Atualmente menos de 5% destas florestas podem ser classificadas como maduras e bem conservadas.

As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Impacto do Manejo Florestal na Conservação das Florestas e de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado de Santa Catarina, defendida por Flávio Zanchetti, junto ao Programa de Mestrado Profissional em Perícias Criminais Ambientais da Universidade Federal de Santa Catarina, sob orientação do professor Alfredo Celso Fantini.