Publicado em 30 de junho de 2022 por Mecânica de Comunicação
Ao longo da história, as características do meio natural sempre foram levadas em conta quando se trata da arquitetura das construções. Em certos climas há menos rigores, o que permite mais liberdade e variedades construtivas e compositivas, com baixas restrições derivadas do clima a repercutirem decisivamente na expressão formal arquitetônica. Já em lugares com amplitudes térmicas muito altas ou com temperaturas extremas o clima torna-se decisivo nas escolhas construtivas.
Nesse sentido, a bioclimatologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o clima. Desse modo, a arquitetura bioclimática utiliza os elementos climáticos e os recursos regionais, tecnológicos e culturais a favor das soluções para o condicionamento ambiental natural. Seus princípios aplicados podem garantir o conforto ambiental físico dos usuários, sobretudo em seus aspectos térmico e lumínico, por meio de estratégias passivas, gerando também economia de recursos e energia.
Aliar os atuais avanços científicos e tecnológicos às soluções regionais, de tradição vernacular, também pode constituir-se em um meio de produção de arquitetura de menor impacto ambiental e de maior expressão cultural, evitando-se, por conseguinte, a disseminação de qualquer repertório pronto de soluções sustentáveis, o que, evidentemente, constitui uma contradição em termos, posto que, para ser sustentável, a construção, bem como qualquer prática, precisa levar em conta em alto grau o contexto de inserção.
É possível dizer que o conforto ambiental, consequência da adequação da arquitetura ao clima e ao lugar, favorece a apropriação espacial, o sentimento de pertencimento, a corresponsabilidade pela manutenção dos espaços coletivos e, ainda, amplia as possibilidades de proximidade, troca e compartilhamento com outros indivíduos, usuários dos espaços públicos.
A sustentabilidade convoca todos os segmentos a pensar e criar formas de intervenção menos danosas, ressaltando a utilização racional de energia e outros recursos. É um enorme desafio para a atual geração de arquitetos aceitar a tarefa de contribuir para a diminuição da dependência de fontes energéticas poluidoras, considerando-se todo o impacto socioambiental envolvido com o cenário da energia.
Hoje, não é mais aceitável que o elevado gasto de energia se justifique por projetos arquitetônicos plástica e tecnologicamente impressionantes, porém ruins do ponto de vista do desempenho ambiental, ainda que se trabalhasse com um cenário ideal, de energias plenamente renováveis.
Assim, é importante a disseminação do conhecimento sobre o bioclimatismo, pois seus princípios podem ser aplicados em todas as linguagens estilísticas conhecidas. Esse entendimento, que reflete diretamente na qualidade ambiental, precisa estar na ordem do dia de arquitetos, urbanistas e demais intervenientes do espaço e atores do setor da construção civil. O bioclimatismo e o componente energético devem fazer parte o mais cedo possível da concepção de arquitetura.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado SINGULAR E PLURAL: estudos de conforto ambiental à luz de arquitetura bioclimática, eficiência energética e experiência espacial do usuário, defendida por Lívia Ferreira de França, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco, sob orientação do professor Ruskin Marinho de Freitas.
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