Publicado em 14 de julho de 2022 por Mecânica de Comunicação
Aproximadamente um quarto das metas propostas pelo acordo de Paris poderiam ser atingidas com ações de mitigação que envolvam as florestas e agricultura, além do que a mitigação via estes dois setores proporciona benefícios ambientais adicionais, como aumento da biodiversidade, melhoria na qualidade dos solos e água. Porém o nível de financiamento destinados às florestas e ao uso da terra não refletem seu papel crucial na resposta à mudança climática.
Se o desmatamento das florestas tropicais fosse eliminado, estas ações permitiriam que as florestas tropicais se recuperassem e como consequência haveria uma redução de carbono na atmosfera de 30%. As florestas agem como fontes (desmatamento e degradação) ou sumidouros de CO2, quando não perturbadas, as florestas, capturam ativamente o carbono da atmosfera até atingir a fase de madura, se a inclusão de projetos de redução de desmatamento fosse adotada nas estratégias globais de mitigação, a economia seria de aproximadamente US$ 100 bilhões de dólares.
O controle do desmatamento e degradação florestal perpassa pela valoração de serviços ecossistêmicos, sendo o mecanismo de Redução de Emissões Provenientes do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) apontado como instrumento adequado para a gestão florestal. Os projetos REDD+ podem ser financiados por meio de investimentos nacionais e financiamentos internacionais e têm como objetivo proteger a biodiversidade, estocar carbono e prover mudança social e econômica para as comunidades locais.
Na Europa, um estudo analisou o impacto de créditos de carbono oriundos de projetos de Reduções de Emissões de Desmatamento e de Degradação Florestal e verificou que a utilização de créditos de REDD+ podem reduzir substancialmente os custos das políticas de mudança climática em 80%.
O mercado de carbono representa, portanto, uma oportunidade para que os proprietários de terra sejam recompensados, financeiramente, pelos seus esforços representados pela conservação de matas nativas e melhorias no manejo sustentável, porém a falta de sinal de preço justo e a demanda esporádica aumenta o custo de transação e inibe a participação de maior número de proprietários de terra que possuem extensas áreas de florestas nativas.
Desse modo, para que novos projetos sejam incentivados deve haver maior sinergia entre os governos locais, empresas e sociedade civil, diante da necessidade de apoiar projetos e programas voltados para a prevenção do desmatamento, em especial o REDD+. Conjuntamente deve-se ampliar a capacidade técnica nos países em desenvolvimento detentores de florestas tropicais, bem como o desenvolver novas metodologias para implementação, mensuração e verificação dos impactos sociais e ambientais, garantindo assim, que as reduções de emissões sejam reais, únicas e rastreáveis, diminuindo assim a assimetria de informação.
É importante lembrar que as florestas, além de armazenar grandes quantidades de carbono, desempenham papel social e econômico importante (fonte de renda, alimentos e remédios) para a aproximadamente 1,6 bilhões de pessoas.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado O mercado voluntário de carbono florestal: o caso do REDD+ no Brasil,defendida por Mário César de Aguiar,no departamento de Engenharia Florestal da faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília,sob orientação do professor Humberto Ângelo.
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