Publicado em 18 de dezembro de 2025 por Mecânica de Comunicação

Resíduos madeireiros do manejo florestal sustentável são fonte promissora de bioenergia

A literatura mostra que o Brasil possui recursos de biomassa que são potencialmente suficientes para equilibrar a demanda total de energia primária brasileira até 2030, especialmente os resíduos agrícolas e florestais.

Sob essa ótica, os resíduos madeireiros do manejo florestal sustentável é uma fonte promissora de bioenergia nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, especialmente para produção de energia elétrica em comunidades remotas na Amazônia e suprimento de carvão vegetal para finalidades domésticas e industriais. Além disso, a utilização dessa biomassa para produção bioenergética na Amazônia é prevista no Artigo 2, Inciso XIV, da Instrução Normativa n 0 5, de 11 de dezembro de 2006.

Tem-se buscado nos últimos anos dar maior visibilidade aos resíduos do manejo florestal, pois apresentam potencial para substituição do óleo diesel, que é uma fonte onerosa e altamente poluidora no abastecimento dos sistemas energéticos isolados nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará.

Uma pesquisa mapeou 17 comunidades isoladas em reservas extrativistas na Amazônia Legal. Foram estudadas as formas de acesso e fontes de energias utilizadas nas reservas e concluíram que 15 comunidades fazem uso de combustíveis fósseis para geração de energia, 1 dispõe de energia pública e 1, não dispõe de fornecimento de energia. Essas comunidades podem ser alvo de sistemas de conversão energética baseado na queima de lenha, especialmente oriunda dos resíduos do manejo florestal sustentável.

Com relação a produção de carvão vegetal, os Estados do Maranhão e Pará (região do Carajás) comportam o segundo maior polo siderúrgico do Brasil. Na região o fornecimento de carvão vegetal é oriundo de reflorestamentos com espécies do gênero Eucafyptus e resíduos do manejo florestal. Contudo, os plantios comerciais no Estado do Pará ainda são incipientes, cerca de 137.866 hectares ou 2,4% da área total plantada dessas espécies no Brasil, o que destaca a necessidade de utilização de novas fontes alternativas e sustentáveis para produção desse insumo.

A qualidade da madeira é um fator de extrema importância quando se visa à produção de carvão vegetal. Normalmente são estudadas as características anatômicas, físicas e químicas da madeira para qualificação e seleção de espécies para produção de carvão vegetal, pois influenciam diretamente o rendimento do processo de carbonização e a qualidade de biorredutor produzido.

A descrição anatômica das madeiras é de fundamental importância pois exerce influência sobre as propriedades físicas e mecânicas da madeir. As características físicas mais importantes para qualificação de madeira para o uso bioenergético são a densidade básica e umidade. A química molecular constitui os elementos de maior importância para produção de carvão vegetal. Esta composição química está relacionada aos teores dos componentes estruturais (celulose, hemiceluloses e lignina) e não estruturais (extrativos) da madeira.

Nesse cenário, a utilização de resíduos madeireiros do manejo florestal sustentável no estado do Pará se encaixa como importante fonte para produção energética. Além disso, o uso de fontes sustentáveis e legalizadas na produção de carvão vegetal na Amazônia é uma estratégia para melhorar a visibilidade do setor siderúrgico de Carajás visto os históricos de uso de biorredutor de fonte não legalizada.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado A segregação de resíduos do manejo florestal sustentável para otimização da produção bioenergética na Amazônia brasileira, defendida por Michael Douglas Roque Lima, na Universidade Federal Rural da Amazônia, sob orientação do professor Suco Numazawa e coorientação do professor Paulo Fernando Trugilho.