Publicado em 16 de fevereiro de 2023 por Mecânica de Comunicação
O fogo é um dos principais responsáveis por problemas ambientais, econômicos e, mesmo, humanos, no Brasil e no mundo. A história mostra que os incêndios, além dos inúmeros danos aos ecossistemas florestais têm importância ecológica fundamental devido sua influência sobre a poluição atmosférica que podem ter impactos sobre os habitats e os ecossistemas
A adaptação do manejo do fogo e suas respostas à incêndios florestais promove a compreensão do comportamento do fogo, exigindo, dentre outros, dados atuais de inteligência, como exemplo, modelagens de ocorrências de fogo, velocidade de propagação, modelos sofisticados de combustível e de comportamento do fogo para avaliar sua resposta.
Um exemplo recente da necessidade de entender as variáveis de propagação de fogo, envolvendo fatores físicos e ambientais que causam e permitem a propagação do fogo, foi o incêndio florestal que destruiu 65 ha, cerca de 26% da área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros no ano de 2017. Além da perda de espécimes vegetais e animais foram destruídos também pousadas e pontos turísticos da área, o que gerou um prejuízo incalculável pela perda de biodiversidade, nicho ecológico, habitat, beleza cênica, dentre outros, afetando diretamente a economia dos municípios envolvidos, o que causou expressiva redução do turismo no parque.
As fitofisionomias vegetais sofrem queimadas por ação humana por conta das mais diversas justificativas de uso e manejo do solo, contudo os potenciais naturais de queimada das vegetações são muito diferentes. Existem dois conceitos acerca do fogo, sendo eles: Inflamabilidade, definida como a capacidade de um incêndio ser iniciado na vegetação a partir de um ponto de ignição e, combustibilidade, que é a capacidade da vegetação de sustentar o fogo e mantê-lo aceso.
Tais parâmetros dependem do tipo de vegetação, biomassa, umidade do combustível, e demais variáveis vegetacionais. A maioria dos incêndios tem origem humana, mas são fatores climáticos, como seca, velocidade do vento e relevo do local que influenciam a sua propagação e determinam os seus efeitos devastadores.
O cerrado Brasileiro, por exemplo, é “dependente ou influenciado pelo fogo”, colocando o cerrado em um cenário de dependência/adaptação a ocorrência do fogo. Contudo este cenário não considera os incêndios florestais criminosos e acidentais que afetam a área, colocando o bioma não mais em um cenário de dependência ou adaptação, e movendo-o para um cenário de ameaça, uma vez que a ocorrência do fogo é altamente ativa, e em certos casos de recorrência anual.
As florestas atuam como sequestradores de carbono, armazenando grande quantidade deste gás sob a forma de biomassa. Considerando o cenário em que o fogo é uma ameaça a vegetação, é importante saber como a ocupação humana em áreas antes florestais e como a proximidade às áreas de ocupação urbana tem tornado a vegetação mais susceptível ao fogo. A junção destes dois fatores proximidade a área urbana e acúmulo de biomassa, associados ao clima seco do ‘inverno’ no cerrado, tornam a vegetação muito susceptível ao fogo, provocando, dentre outras consequências, perda de diversidade biológica no bioma.
A ocorrência de fogo no Cerrado se deve principalmente à ação humana. Porém, esse é um evento que pode ocorrer de forma natural no Cerrado, devido a descargas elétricas, por exemplo. As espécies do Cerrado, mesmo que resistentes ao fogo natural, não estão adaptadas a incêndios florestais descontrolados que queimam as mesmas áreas ano após ano.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Dinâmica de ocorrência de incêndios florestais em unidade de conservação influenciada por diversos usos e cobertura do solo: APA Gama e Cabeça de Veado – DF, defendida por Raymeson Rodrigues de Melo, no Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais – PPGEFL – UnB, sob orientação do professor Reginaldo Sérgio Pereira.
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