Publicado em 26 de outubro de 2023 por Mecânica de Comunicação
O setor têxtil e de confecção no Estado de Pernambuco conta com empresas de grande porte, mas em sua grande maioria são micro e pequenos negócios que vem se expandido com frequência. Diante deste cenário, o Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco emerge como relevante polo produtor de vestuário, que passou por mudanças e melhorias no seu quadro fabril, ao longo da década de 1990, para a produção de peças de vestuário com visibilidade nacional.
Estruturado principalmente entre as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, reúne diversos empreendimentos de confecção, desenvolvendo produtos com processo tradicionais e com processos sustentáveis, que geram uma receita de R$ 2,5 bilhões e produção de 750 milhões de peças ao ano. Os produtos de moda sustentável utilizam diversos processos, que são, em geral, menos agressivos ao meio ambiente, geram pequenas quantidades de resíduos, ou em alguns casos, nenhum, levam em consideração todo o ciclo de vida do produto, a otimização do uso de água e a extração mínima de recursos.
Os produtos sustentáveis também usam recursos renováveis e aplicam matéria-prima e tingimento natural, inclusive com o uso de plantas no tingimento e PET reciclado, são produzidos em um ambiente digno e com condições justas para os seus funcionários, geram renda para os trabalhadores da região e empregam recursos locais, o que ajuda a diminuir a poluição e emissão de gases com os transportes, promovem melhores contextos de vida para as suas famílias e melhores relações com sua comunidade.
No caso do Polo, a preocupação com as questões relacionadas à sustentabilidade e o conhecimento das consequências decorrentes da atividade da moda para o meio ambiente estão presente. Os empreendedores buscam práticas sustentáveis, como a Rainha da Moda, que planeja a redução dos resíduos na modelagem, com o suporte de software, e na mesa de corte, além de separar as sobras dos tecidos destinados à empresas atuantes no setor de reconstrução e reaproveitamento de materiais de confecções.
O setor também tem apresentado a possibilidade de criar produtos sustentáveis com baixo custo e materiais abundantes. Os trabalhos da Moda Mangue, com suas biojoias de escama de peixe, e da DaTerra, com seus tecidos produzidos com refugo - ourelas de jeans - da Manufatura do Vestuário da Moda, são exemplos desse cenário. No caso da Bagageiro Urb, é possível identificar a preocupação com o meio ambiente, pelo fato de a marca ter o desejo de utilizar tecidos biodegradáveis, de destacar a força de trabalho que atua na produção dos seus produtos, de se preocupar com a mobilidade urbana, já que incentivam o uso da bicicleta como transporte diário e, desse modo, ajudam a reduzir emissões de CO2.
Contudo, é preciso lembrar que a estrutura estatal de saneamento do Pernambuco, reduzida coleta seletiva de lixo e inexistente programa de reaproveitamento têxtil e reutilização de materiais decorrentes das confecções descartados (um problema no país em geral) desafia o empreendedorismo sustentável na moda. Desse modo, exige uma competência salutar do indivíduo de se reinventar e estar preparado para todas as adversidades. Mesmo assim, é um fenômeno que vem surgindo na economia como uma tendência que cresce progressivamente.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Uma análise comparativa entre empreendedores pernambucanos de confecções de moda: um olhar sobre a sustentabilidade, defendida por Liliane da Silva Gonzaga, na Escola de Artes, Ciência e Humanidades da Universidade de São Paulo, sob orientação da professora Francisca Dantas Mendes.
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