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Publicado em 18 de julho de 2024 por Mecânica de Comunicação

Usina de Biogás de Entre Rios do Oeste traz bons resultados sociais, ambientais e econômicos

Iniciado em 2012, por um edital de projetos estratégicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o projeto da Usina Termelétrica de Entre Rios do Oeste, concluído em julho de 2019, funciona da seguinte forma: o biogás é gerado em biodigestores instalados nas propriedades rurais, a partir de dejetos da suinocultura; é vendido à Usina Termoelétrica e enviado por um sistema de encanamentos subterrêneos; a Usina transforma o biogás em energia elétrica e envia para a rede de distribuição elétrica da Copel; que gera um crédito de energia elétrica.

Como a Usina pertence a prefeitura de Entre Rios do Oeste, esta utiliza o crédito para compensar os gastos de energia dos prédios públicos do munícipio e do dinheiro que economiza paga os produtores de acordo com a quantidade de biogás produzida na propriedade. Como principais benefícios: os dejetos são tratados corretamente, logo o meio ambiente não é contaminado; os produtores rurais conseguem mais uma fonte de renda; a prefeitura economiza com suas despesas em energia elétrica. Uma proposta triple bottom line, com benefícios ambientais, sociais e econômicos.

Em análise com os produtores fornecedores de matéria prima da Usina, através do sistema Ambitec de Bioenergia da Embrapa, comprovou-se que o impacto positivo mais relevante foi a redução de emissões à atmosfera, tanto de gases de efeito estufa como de odores. O segundo mais relevante foram as relações institucionais, que engloba o fato de os produtores terem frequente assistência técnica em suas propriedades, terem criado a Associação dos Produtores de Biogás de Entre Rios do Oeste (APROGAS), que lhes permitem sentir-se pertencentes a um grupo social, poderem tirar todas as dúvidas e poder contar com a ajuda dos demais associados, como também se sentem protegidos legalmente pela Associação.

A seguir está a geração de renda, pois os produtores rurais recebem conforme a produção em metros cúbicos de biogás. Isso os motiva a buscar formas de aumentar a produção, buscando quais outros resíduos eles poderiam tratar junto aos dejetos ou então já pensando em aumento do rebanho dos suínos e possíveis futuras contratações de funcionários para ajudar na demanda. Também é relevante o fato de que para produzir o biogás não sobram resíduos do processo, pois o digestato resultante pode ser utilizado como biofertilizante na lavoura. Os produtores que o utilizam apontaram que o fato de ser mais líquido do que o esterco é mais rapidamente absorvido pelo solo e também não exala odor desagradável. Um produtor de feno notou um aumento na produção de 40% depois que começou a utilizar o biofertilizante.

Em relação aos critérios com resultados negativos, o maior deles foi em relação ao aumento no consumo de energia. Contudo, como recebem renda pela venda do biogás, acabam compensando os gastos. Essa percepção negativa também poderia ser amenizada utilizando o excedente de produção para outras finalidades dentro da propriedade, como substituição do gás liquefeito de petróleo (GLP) ou mesmo como aproveitamento térmico, entre outros fins. Também foram apontados como aspectos negativos: o aumento da periculosidade e ruídos no trabalho, devido ao fato de o biogás ser explosivo e exigir alguns cuidados próximos ao biodigestor, e ruídos por causa da instalação dos novos motores, apesar de quase insignificantes.

Mesmo assim, a Usina de Biogás a partir de dejetos de suínos, em Entre Rios do Oeste, impactou positivamente tanto para a sociedade, meio ambiente como também para a economia, gerando renda aos produtores, economizando gastos públicos, beneficiando o meio ambiente pelo tratamento correto dos dejetos, entre outros. Uma concretização do movimento previsto pelo Desenvolvimento Econômico Sustentável e da teoria Evolucionista.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Desenvolvimento sustentável: análise dos impactos da Usina Termelétrica de Biogás em Entre Rios do Oeste, defendida por Bianca Giordani Baú, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de Toledo, sob orientação do professor Carlos Alberto Piacenti.