Publicado em 25 de julho de 2024 por Mecânica de Comunicação
De maneira geral, a infraestrutura verde tem como premissa a integração do ecossistema urbano aos fluxos naturais e a multifuncionalidade da paisagem. O homem entra como agente da natureza, tirando partido dos seus processos naturais para melhor atender as demandas tanto sociais quanto da biodiversidade. A postura não é mais exploratória e sim reconciliadora.
O trabalho de biogeografia de ilhas foi um dos mais relevante para a infraestrutura verde. Os mesmos princípios adotados para o projeto de reservas naturais são amplamente utilizados para a concepção de redes de infraestrutura verde. Esses princípios afirmam que, se tudo o mais for igual, grandes reservas são melhores do que pequenas; uma única grande reserva é melhor do que reservas distantes; reservas arredondadas são melhores do que reservas longas e estreitas; as reservas agrupadas compactamente são melhores do que as reservas em linha; e as reservas conectadas por corredores são melhores do que as reservas não conectadas.
A partir da biogeografia de ilhas, pode-se compreender melhor o funcionamento das redes de infraestruturas verde que consiste em identificar os centros de hábitat onde os recursos e processos naturais são protegidos (hubs) e reestabelecer, quando apropriado, a ligação (links) entre eles para com isto fortalecer os ecossistemas.
Os hubs devem incluir os atributos de paisagem ecológica da mais alta qualidade, maiores e menos fragmentados. Áreas selvagens, parques nacionais e outras reservas estaduais e municipais podem servir como hubs. Os links, ligações ou corredores, são as conexões que unem os hubs dentro do sistema de infraestrutura verde. A seleção de um link apropriado entre dois blocos de hábitat requer identificar as terras que contêm atributos ecológicos e processos adequados.
A infraestrutura verde tem sido apontada internacionalmente como uma alternativa multifuncional para o tratamento de enchentes em lugares com sistemas de drenagem urbana envelhecida e deficitária. Na infraestrutura verde os sistemas de drenagem são reformulados com o propósito de recuperar as áreas de amortecimento do ciclo hidrológico perdidas com a urbanização e impermeabilização excessiva do solo. Ao mesmo tempo em que a infraestrutura verde restitui respiros azuis na cidade adensada para reestabelecer o ciclo natural das águas, trazendo resiliência para as cidades frente aos problemas urbanos de ordem ambiental, também incrementa a paisagem com áreas verdes interessantes para o bem-estar de nós humanos e de todos os seres vivos.
Além disso, o planejamento de infraestrutura verde em conjunto com corredores de transporte oferece uma oportunidade para maximizar o uso de recursos nas cidades. Projetos de proteção contra inundações, vias inundáveis, várzeas e pântanos adjacentes também são pontos de partida ideais para pensar a infraestrutura verde em cidades. Manter o desenvolvimento residencial e comercial fora das zonas de inundação não só pode economizar o dinheiro público ao reduzir os danos das tempestades, mas também pode filtrar o escoamento, reter poluentes e fornecer hábitat para a vida selvagem.
Uma alternativa para áreas já densamente ocupadas é transformar estruturas já construídas, ou seja, promover o retrofit da infraestrutura cinza para a verde. De maneira geral, este retrofit consiste em “renaturalizar” ou “desimpermeabilizar” superfícies mineralizadas como concreto, asfalto, cimento, cerâmicas, pedras, telhas, entre outros.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Potencialidades da infraestrutura verde para a cidade do Rio de Janeiro, defendida por Juliana Lopes Pinto, no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, sob orientação da professora Eloísa Carvalho de Araújo.
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