Publicado em 25 de abril de 2013 por Mecânica de Comunicação
Concessões dificilmente terão impacto na construção em 2013
Quando, nos últimos meses do ano passado, o governo federal anunciou vários programas de concessões, houve uma expectativa generalizada de que 2013 seria um ano bem melhor para os setores de construção e equipamentos. Ainda pode vir a ser, mas já estamos no segundo trimestre e a descrença vem aumentando em várias regiões do país. Não se trata de um desânimo uniforme – têm regiões melhores, outras piores.
Mas, todas as regiões são impactadas pelos atrasos, cada vez mais evidentes, na maioria dos programas prometidos. Pode ser que o setor estivesse otimista demais, pois já em 2012 houve muitas vozes aconselhando cautela quanto à velocidade de implementação dos programas. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann disse, recentemente, à Folha de S. Paulo que o governo nunca imaginou que as obras das concessões pudessem começar em 2013, mas somente em 2014, embora a ministra previsse que elas teriam um impacto “indireto” sobre o ritmo da economia neste ano.
Crédito: Secom-MT / Autopista Régis Bittencourt / Portal 2014
Entre os fatores de atraso nos programas está o fato de o governo resistir em elevar a taxa interna de retorno nas concessões de rodovias (R$ 42 bilhões de investimento previsto) e ferrovias (R$ 91 bilhões) para um nível aceitável à maioria dos investidores – isso, depois de esticar os prazos e mandar o BNDES oferecer financiamento mais barato. Agora parece que será contemplada uma TIR (taxa interna de retorno) na faixa de 7% a 8%, algo como 2 pontos percentuais acima da proposta original. Caso sejam mantidas as exigências de investimento, resta saber como os pedágios mais altos podem impactar o potencial fluxo de trafego, sem falar da possível repercussão política.
Nas concessões ferroviárias, há também complicação pelo aparente desejo do governo de impor a compra de trilhos de fabricação nacional. Já em relação aos portos, é difícil imaginar que as concessões, com valor de investimento previsto em R$ 54,2 bilhões, possam manter o cronograma original enquanto o Congresso e o Governo ainda brigam sobre a reestruturação da área.
Fora as concessões, continuam as razões de sempre para os atrasos – principalmente demora em licitações e licenciamento ambiental. Mas em pelo menos uma obra, há progresso. Na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116) entre São Paulo e Curitiba começou em abril a duplicação dos últimos 19 quilômetros de pista simples na Serra do Cafezal, sul do Estado de São Paulo.