Publicado em 31 de outubro de 2024 por Mecânica de Comunicação
As inundações urbanas são cada vez mais preocupantes, devido à crescente densificação das áreas urbanas, mudanças no uso da terra e mudanças climáticas, que tornam maiores as exposições e os consequentes danos. A drenagem urbana sustentável, conhecida pelo termo em inglês “sustainable urban drainage systems” e pela sigla SUDS é destinada a fornecer controle de inundações, gerenciamento de fluxo, melhorias da qualidade da água e oportunidades para colher as águas pluviais para usos não potáveis.
Sistemas de drenagem urbana têm que ser planejados de forma integrada com o crescimento urbano e as soluções de drenagem devem ser integradas com a paisagem urbana. Neste contexto, tanto o processo de urbanização quanto o controle do uso do solo urbano devem ser pensados de forma a minimizar os impactos sobre o ciclo hidrológico natural.
As medidas de controle de inundação podem ser estruturais, quando envolvem obras de engenharia, ou não estruturais, como zoneamento, sistemas de alerta e seguros. Para o controle de cheias, as bacias de retenção e detenção se destacam dentre as melhores práticas estruturais de controle de cheias em nível de bacia. Embora as bacias de detenção apresentem como principal função o amortecimento das ondas de cheias e a redução das inundações urbanas, elas podem também proporcionar a captação de sedimentos e detritos, assim como a recuperação da qualidade das águas dos córregos e rios urbanos, ainda que em menor escala.
Nesse cenário, as paisagens ecológicas nas comunidades urbanas têm um papel fundamental, não apenas de amortecer o impacto das mudanças climáticas nos ambientes aquáticos naturais e restabelecer os serviços ecossistêmicos, mas também de reverter a abordagem filosófica convencional que as comunidades urbanas têm com o ciclo hidrológico e seus rios.
Justamente por ter o princípio da funcionalidade, o projeto de um parque urbano multifuncional deve atender às demandas particulares de cada contexto onde é inserido. Desta forma não existe uma norma ou modelo a ser seguido. O parque urbano multifuncional para drenagem urbana sustentável, nada mais é do que um instrumento da governança da água, pois tem como princípio fundamental o pacto hidrossocial, podendo ser uma solução alternativa à drenagem tradicional, adaptável aos desafios específicos de cada zona urbana em desenvolvimento, servindo tanto como instrumento de mitigação dos efeitos da urbanização não planejada, quanto de prevenção da expansão da “cidade informal” para regiões vulneráveis e/ou estratégicas, a partir da reserva de espaço e oferecimento de lazer.
Mais especificamente, os parques multifuncionais com reservatórios de detenção, devido a sua versatilidade, podem contribuir para melhoria do manejo de águas pluviais em países periféricos, evitando desapropriações em massa e/ou prevenindo que novas habitações se consolidem em fundos de vale.
Por atender a premissas do conceito de SUDS, são soluções mais sustentáveis e resilientes do que aquelas apresentadas pela gestão tradicional da água urbana. Isso confirma que é possível, a partir de uma mudança de paradigmas, que haja um salto da situação em que se encontram as cidades periféricas hoje para um desenho urbano sensível à água. Além de oferecerem uma oportunidade de mitigar os problemas de gestão quanti e qualitativa da água, podem proporcionar uma relação positiva entre cidadãos e o ciclo hidrológico, transformando o círculo vicioso de desvalorização de rios urbanos em círculo virtuoso de cuidado com os rios e valorização de todo o seu entorno.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Parques multifuncionais como instrumentos de melhoria do manejo das águas pluviais em cidades em desenvolvimento: estudo de caso da Bacia do Alcântara – São Gonçalo/RJ, defendida por Helen Tambolim, no o Programa de Engenharia Urbana, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação do professor Marcelo Gomes Miguez.
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