Publicado em 08 de agosto de 2013 por Mecânica de Comunicação
Um país (quase) cheio de obras I
Por Brian Nicholson*
Às vezes, há uma tendência de se pensar só nas obras atrasadas, aquelas que custam a sair do papel, e se esquece daquelas que, de fato, estão em execução no Brasil. Não é por nada que o país hoje demanda em torno de 30 mil equipamentos de movimentação de terra por ano – três vezes mais do que uma década atrás. A seguir, somente um tira-gosto do que está acontecendo:
Foto: Consórcio Norte Energia
Maior projeto atual da indústria de construção no Brasil, Belo Monte (11233 MW) deve empregar mais de três mil itens de equipamento, com destaque para as centenas de escavadeiras e caminhões fora de estrada que estão movimentando 105 milhões de metros cúbicos de terra, rocha e concreto. É volume maior que na construção do Canal de Panamá. Para que ninguém morra de tédio, o governo deve colocar em licitação em 2014 mais uma megabarragem, São Luiz do Tapajós. Com capacidade prevista de 6133 MW, será mais uma candidata para a lista dos “10 mais” no mundo, ranking do qual o Brasil já possui duas ustinas. Também será a maior de um complexo de cinco barragens, com capacidade agregada prevista de 10682 MW. No total, a bacia dos rios Teles Pires e Tapajós tem potencial para usinas totalizando 14245 MW, mas ainda não há luz verde para todos os projetos.
Foto: Revista Grandes Construções
Sem dúvida, o Porto Maravilha é hoje o projeto mais importante de renovação urbanística no Brasil. Tem tudo para igualar o que foi feito em Barcelona ou Londres, antes daquelas cidades sediarem seus Jogos Olímpicos. Projeto visionário, Porto Maravilha visa transformar uma área de cinco milhões de m2 no antigo coração do Rio. No lugar de armazena abandonados virão hotéis, torres comerciais, museus, jardins e um terminal para cruzeiros transatlânticos, interligado por um moderno monotrilho. Deve se transformar num cartão de visitas e um enorme ativo para a cidade. As intervenções totalizarão investimentos de R$ 7,6 bilhões, mas o setor privado deve aportar muito mais recursos. Para a cidade do Rio, representa potencialmente um distrito comercial completamente novo e para o setor de construção, mais um foco de business numa cidade cheia de obras.
*Brian Nicholson é consultor da Sobratema