Publicado em 01 de março de 2018 por Mecânica de Comunicação
Estaca de concreto feito com borracha é tema de pesquisa
Atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil é o segundo maior reformador de pneus, uma prática sustentável, pois reaproveita a borracha e evita a fabricação de peças novas, representando economia de 500 milhões de litros de petróleo por ano no país, de acordo com dados do Sindipneus.
Foto: Divulgação Unicamp
Os resíduos gerados no processo de reforma precisam de descarte correto, pois sua degradação leva mais de duzentos anos e não podem ser carbonizados, já que liberam gases tóxicos e óleos agressivos ao solo. A solução encontrada por um pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) foi incorporar os resíduos de borracha ao concreto usado na moldagem in loco de estacas de fundação.
Na técnica proposta no estudo, os resíduos de borracha resultantes da recuperação de pneus, com medidas entre 2 e 19 mm, substituem a areia na mistura do concreto. Nos testes de campo foram moldadas três estacas em concreto convencional, como referência de controle, e outras três em concreto com componentes de borracha, cada uma com seis metros de profundidade e 30 centímetros de diâmetro. Para os testes de resistência foi usada uma carga equivalente a 25 toneladas. Os novos concretos apresentaram melhores resultados quando houve substituição de 10% da areia por resíduos de borracha. As estacas também foram avaliadas nos quesitos deformação e recalque, com resultados satisfatórios.
Outro tópico analisado foi o da aderência entre aço e concreto, muito importante para o desempenho de estacas de fundação, sendo observado que os dois tipos de peças tiveram comportamento compatível com exigências normativas. Com a viabilidade técnica comprovada pela pesquisa, a próxima etapa é estudar a viabilidade econômica das estacas de concreto feito com borracha.
A pesquisa de doutorado "Comportamento de Estaca Moldada 'in loco' Instrumentada e Confeccionada com Concreto Incorporando Resíduo de Borracha" é de autoria do engenheiro Valério Henrique França, com a orientação do professor Newton de Oliveira Pinto Júnior, e está disponível para consulta no seguinte
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