Publicado em 28 de março de 2018 por Mecânica de Comunicação
Certificação de construção sustentável influencia as decisões de projeto
Entre os selos de sustentabilidade usados pela construção civil, o AQUA HQE (Alta Qualidade Ambiental) é um dos mais conhecidos, sendo aplicado em aproximadamente 160 projetos no Brasil. Surgida na França durante a década de 90 e adaptada à realidade brasileira nos anos 2000, a iniciativa considera dois componentes inseparáveis, o Sistema de Gestão de Empreendimentos e a Qualidade Ambiental do Edifício. Dessa maneira, o certificado AQUA busca aplicar conceitos de engenharia de produção em empreendimentos de edifícios, onde a cadeia produtiva é geralmente fragmentada, de maneira que priorize o desempenho de construções e o conforto dos usuários.
Foto: Fundação Vanzolini
Com o intuito de estudar de que maneira as exigências da AQUA afetam as decisões de projetistas, engenheiros e arquitetos, uma dissertação de mestrado defendida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) fez estudo de três casos de obras em fase inicial, com projeto em fase de aprovação ou recém-aprovado. Foram estudados dois empreendimentos múltiplos, uma escola pública e uma loja de departamento, cujo padrão construtivo é replicado em diferentes ambientes, e um empreendimento único, ou seja, sem reprodução do projeto. Ao final da análise dos três casos distintos, os dados foram cruzados a fim de identificar gargalos recorrentes nos fluxos de trabalho que dificultam a obtenção do selo e eventuais soluções.
Os pesquisadores chegaram às seguintes conclusões: no caso dos empreendimentos múltiplos, o arquivamento de diferentes propostas de projetos, evidenciando mudanças entre versões, é muito importante, pois permite a criação de um padrão flexível de edificações, atendendo a cenários diversos. Nos dois tipos de empreendimento, múltiplo e simples, o treinamento de funcionários mostrou-se fundamental em gestão de resíduos e em organização do canteiro. Nas duas situações, é indicada a atuação de um profissional responsável por supervisionar cumprimentos de prazos e compatibilidade com documentos. Também foi identificada nos casos estudados uma lacuna de referências para identificação de características de materiais e análise de ciclo de vida.
Ainda foi observado que a escolha do sistema estrutural em obras que considerem aspectos do AQUA deve ser feita em conjunto com a fase de projeto que define valores de volumetria, tratamento de fachada e espaços interiores, sendo que a prática mais difundida no Brasil é escolher o modelo estrutural após definidos tais valores. A dissertação é de autoria de Adriana Gouveia Rodrigo, com orientação de Francisco Ferreira Cardoso e está disponível para download neste
link.