Publicado em 02 de outubro de 2019 por Mecânica de Comunicação
Diante do presente cenário global, há um consenso sobre a necessidade de tomar ações objetivas para diminuir o impacto que estamos causando ao planeta. Para alcançar mudanças significativas com agilidade, é preciso priorizar os agentes de maior influência. Estima-se que a construção civil consume de 40 a 75% dos recursos naturais do planeta; o cimento, material industrializado mais consumido no mundo, é responsável por 5% das emissões de CO² mundiais e está presente em praticamente todos os países. Com o crescimento econômico de nações subdesenvolvidas, espera-se que o uso de cimento aumente ainda mais nas próximas décadas.
Cerca de 60% das emissões do cimento vêm da carbonatação de material para formação do clínquer, a partir do qual é fabricado o cimento Portland. Levando isso em conta, a estratégia tradicional de minimização da pegada de CO² do concreto estrutural tem privilegiado o grau de substituição do clínquer; outro recurso considera a escolha do fornecedor de cimento sob a ótica da matriz energética. Também são dignos de nota o princípio da variação do consumo de cimento para concretos de mesma resistência e o uso de menos concreto em novas estruturas.
Sobre a primeira estratégia - substituição do clínquer por resíduos - é estimado que a oferta de cinza volante não é capaz de suprir toda a demanda da indústria cimenteira; porém, a boa notícia é que no cenário nacional a utilização de todas as adições ativas residuais disponíveis já é praticada. O recurso relativo à matriz energética do fornecedor é pertinente, pois cerca de 40% das emissões de CO² do cimento vêm dos combustíveis utilizados para a clinquerização. Nesse sentido, a substituição pelo carvão vegetal de florestas plantadas é promissora devido ao fato de as emissões diretas serem quase nulas, pois o que seria emitido com a queima do combustível foi absorvido pela floresta durante o crescimento. Já diminuir o consumo de cimento na mistura de concreto é cada vez mais viável, devido aos avanços nas tecnologias de ligantes. Isso permite e estimula a prática da última solução citada, isso é, o menor uso de concreto em novas estruturas, ideia cada vez mais aceita devido ao paradigma sustentável contemporâneo de racionalização e economia de recursos disponíveis.
Mais detalhes sobre o assunto estão na dissertação de mestrado Estratégias para Minimização da Emissão de CO² de Concretos Estruturais, desenvolvida por Vanessa Carina Oliveira, com orientação de Vahan Agopyan e aprovada pela Universidade de São Paulo (USP).
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