Publicado em 11 de dezembro de 2019 por Mecânica de Comunicação
Lidar com os resíduos produzidos pela sociedade moderna é um desafio que deve ser enfrentado de forma articulada entre os poderes (municipal, estadual e federal) e a sociedade civil, tendo em vista os prejuízos que eles podem causar a sociedade e ao meio ambiente. No caso dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), eles representam desafios ainda maiores porque envolvem aspectos físicos, químicos e biológicos.
Considera-se como RSS, todo lixo produzido em qualquer serviço prestador de assistência médica (seja humana ou animal), sanitária ou estabelecimentos congêneres, podendo, então, ser proveniente de: hospitais, unidades ambulatoriais de saúde, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, farmácias, laboratórios de análises clínicas e patológicas, bancos de sangue e de leite e clínicas veterinárias (OMS, 2014).
Além dos riscos microbiológicos dos RSS, como a presença de bactérias, vírus, fungos e protozoários, somam-se os aspectos físico-químicos, como umidade, carbono, hidrogênio, enxofre, sólidos, volatilidade, poder calorífico, cloro e cloretos, com possível ação degradante ao meio ambiente. Existem, ainda, outros resíduos potencialmente perigosos e que, por vezes, chamam a atenção dos profissionais das áreas de saúde e meio ambiente, que são os resíduos radioativos, químicos perigosos e farmacêuticos, por sua elevada capacidade de provocar mutações e reações de diversos tipos.
Tradicionalmente, a incineração in loco foi muito utilizada em diversos países industrializados para o tratamento dos RSS. Contudo, os problemas com a limpeza inadequada de gases causando transtornos para os vizinhos e para o público, o medo das emissões de dióxido de carbono e normas ambientais legais mais severas levaram ao fechamento da maioria das instalações de incineração.
Outros países estão considerando a possibilidade de utilizar tecnologias alternativas que tenham operação menos sofisticada e menores custos de capital. Contudo, encontrar o método adequado ainda é um desafio levando-se em consideração o fato de que quase todas as alternativas para o tratamento dos RSS envolvem gasto elevado de dinheiro por conta do processo de inativação microbiológica.
Embora a seleção de tecnologia adequada para o tratamento de RSS seja essencial, a gestão dos resíduos nos estágios iniciais é também importante. Portanto, nos últimos anos, tem sido enfatizada a segregação adequada dos RSS em diferentes categorias de resíduos que podem ser recicladas ou tratadas de outras maneiras. Dentro da perspectiva das propostas das legislações ambientais, os hospitais podem evitar pressões financeiras melhorando a segregação dos seus resíduos e implementando programas de redução dos RSS.
Além disso, é fundamental a capacitação das pessoas que trabalham/circulam nas instalações dos serviços de saúde. Ela deveria ser contínua e, de preferência, anteceder o início das atividades acadêmicas e de serviço, para que o impacto da destinação dos resíduos seja menor, tanto para a própria instituição como para o meio ambiente. Da mesma forma, o preparo do espaço físico para todas as etapas de segregação é uma exigência para o enfrentamento deste problema, cada vez mais presente na rotina dos serviços de saúde.
As considerações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Proposta de plano de gerenciamento em resíduos de serviços de saúde para unidade hospitalar de Bonfim - Roraima, defendida por Aristides Sampaio Cavalcante Neto, no Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sob orientação do professor Jorge Luiz de Góes Pereira.
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade