Publicado em 01 de julho de 2021 por Mecânica de Comunicação
O uso de biomassa está entre os recursos promissores para complementar o fornecimento energético nacional, pois é um recurso de emissão neutra de carbono, apresenta baixo conteúdo de enxofre comparado com outros combustíveis e pode ser utilizado de maneira similar aos combustíveis fósseis. Tem o potencial ainda de ser aplicada como material combustível para abastecer usinas termelétricas e sistemas de cogeração em indústrias e sistemas isolados, para atenderem comunidades afastadas que estão em grandes números nas Regiões Norte e Nordeste do País.
Em 2017, o país apresentou cerca de 546 usinas termelétricas abastecidas com biomassas, com potência total instalado de 14.518 MW, representando 8,84% da matriz energética brasileira. Dessas, 399 utilizam bagaço da cana de açúcar, 54 são a base de resíduos florestais, 18 a base de licor negro, 12 que operam com casca de arroz. O uso de resíduos lignocelulósicos para fins energéticos além de contribuir com o aproveitamento integral das culturas, apresenta forte apelo ambiental auxiliando na gestão de resíduos sólidos decorrentes da colheita e/ou beneficiamento.
O estado do Pará, dentre os estados da região norte do país, apresenta-se com grande potencial para uso de resíduos agrícolas na geração de energia, visto que é o segundo maior estado brasileiro e no que se refere a produção, em 2016 o total gerado neste estado foi de 10,4 milhões de toneladas de produtos agrícolas oriundos de culturas temporárias e permanentes, de acordo com dados da Produção Agrícola Municipal-PAM. Comparando com o total produzido na região Norte do país, esse montante correspondeu a cerca de 45% do total.
Segundo o ranking de produção agrícola de lavoras temporárias e permanentes do estado do Pará, o açaí, cacau, coco, dendê e milho estão entre as espécies com maior área de cultivo e produção, correspondendo a 44% da área plantada. Comparando com outros estados brasileiros é o maior produtor de dendê e açaí, o 2º maior de cacau, o 4º maior de coco e o 11º de milho. Com essa grande participação na produção nacional, por conseguinte, é gerado uma grande quantidade de resíduos durante o beneficiamento/colheita desses produtos.
Todavia, para se obter sucesso no uso de biomassa residual como matéria prima energética, definir a forma mais adequada de conversão e até mesmo prever possíveis obstáculos que possam ser encontrados antes e durante a sua utilização, é necessário conhecer o seu potencial quali-quantitativo a partir da determinação da quantidade disponível, localização, sua composição e propriedades.
Dentre as características que se deve conhecer dos combustíveis para uso energético estão: a densidade; o teor de umidade; o poder calorífico; a análise imediata (cinzas, materiais voláteis e carbono fixo); a composição elementar (C, N, H , O e S) e molecular (lignina, celulose, hemicelulose e extrativos).
Nesse sentido, a dissertação de mestrado Biomassa Residual para Uso Energético no Estado do Pará, defendida por Jéssica Saraiva da Costa, na Universidade Federal Rural da Amazônia, sob orientação da professora Marcela Gomes da Silva e coorientação do professor Thiago de Paula Protásio, mostrou que o caroço de açaí, o sabugo de milho e o cacho de dendê foram os produtos que apresentaram maior potencial para utilização energética devido a sua disponibilidade e altos valores de poder calorífico.
A estimativa do potencial energético total para o Estado foi em tomo de 42 mil TJ no ano de 2016. Ao decompor esse valor, observou-se que a nível de mesorregião, o Nordeste e Sudeste paraense foram os que mais contribuíram para esse resultado. Em relação as biomassas, 38% do valor total é referente ao sabugo de milho, 34% ao caroço de açaí, 15% do cacho de dendê, 10% da casca de cacau e 4% referente a casca do coco.
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