Publicado em 14 de outubro de 2021 por Mecânica de Comunicação
A Infraestrutura Verde é definida como uma rede de espaços abertos, florestas, habitats silvestres, reservas, parques e outras áreas naturais que mantém o ar e a água limpos, os recursos naturais e qualidade de vida, e pode ser aplicada tanto no planejamento da paisagem urbana voltado para proteção de espaços naturais existentes, como para sua ampliação e interconexão em rede, formando a estrutura ecológica necessária para a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
Se por um lado, a infraestrutura construída pode propiciar multifuncionalidade, redundância e modularização por meio do design voltado à mimetização de processos naturais, amortecendo o impacto no ambiente natural, por outro, o planejamento da Infraestrutura Verde aumenta a resiliência das áreas naturais com o design voltado à ampliação da capacidade adaptativa por meio do fortalecimento da biodiversidade nos ecossistemas.
Nesse sentido, a drenagem urbana tem se constituído em um problema urbano dado o modelo de produção das cidades e se agrava no contexto de mudanças climáticas, sendo um tema que remete à discussão de resiliência urbana: capacidade de um sistema manter sua estrutura em funcionamento básico, mesmo diante de distúrbios. O conceito está ligado diretamente com a capacidade adaptativa do sistema ecológico e o seu funcionamento sistêmico e dinâmico, reforçando a importância da biodiversidade e das interligações entre os elementos propostos na Infraestrutura Verde.
No que diz respeito às áreas com ocupação urbana onde foram suprimidas as áreas verdes, parcial ou totalmente, o caminho é a recuperação das áreas degradadas com o restabelecimento de fluxos naturais por meio de técnicas de Infraestrutura Verde. Entre estas áreas, destaca-se a recuperação das margens de cursos d´água que são links crítico para a criação de habitat nas áreas de convergência, os blocos sistêmicos dos hubs.
Uma das formas de links mais interessantes pode ser estabelecida pelos parques lineares que, quase sempre, acompanham um corpo hídrico receptor de drenagem pluvial, ligando bairros pela mobilidade urbana sem veículos automotores, oferecendo a possibilidade de integração da população com o ambiente natural, entrelaçada à rede de espaços culturais de esporte e lazer de cada distrito e da Cidade em geral. Como são localizados, quase sempre, nos talvegues de vale urbanos, o potencial natural de fertilidade do solo e de abundância de água estimula os fluxos ecológicos pela cidade.
É importante lembrar que as técnicas de LID (Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto) se desenvolveram no âmbito do arcabouço conceitual da Infraestrutura Verde nos Estados Unidos e, apesar de terem adquirido um grande desenvolvimento por meio da comunidade técnica voltada à drenagem urbana, estas técnicas se constituem elementos de composição da paisagem urbana. No caso das Melhores Práticas de Gestão (BMP), quando inseridas em sistemas de drenagem convencionais oferecem vantagens em relação aos sistemas padrões, tais como: diminui ou elimina necessidades dos grandes reservatórios de detenção; reduz a carga de poluentes e a erosão nos corpos hídricos receptores; proporciona visual paisagístico e um design mais adaptável a cada local; pode custar menos do que os sistemas convencionais.
Os princípios estabelecidos têm o objetivo de conservar, ao máximo, os processos hidrológicos naturais, considerando a mitigação da ação antrópica que origina o escoamento superficial tanto do ponto de vista quantitativo e quanto qualitativo. Assim, medidas e dispositivos, apresentam, em comum, o uso de vegetação para interceptar o escoamento superficial, retendo sedimentos e nutrientes, facilitando a infiltração, evapotranspiração e armazenamento de água no solo pelo processo da biorretenção.
As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Estratégias de infraestrutura verde aplicadas à drenagem urbana em áreas densamente ocupadas: o caso do Trecho 3 do Setor Habitacional Sol Nascente, defendida por Luiz Guilherme Arantes Guimarães, no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, sob orientação da professora Conceição de Maria Albuquerque Alves.
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