Publicado em 16 de dezembro de 2021 por Mecânica de Comunicação
Na Economia Circular, toda a cadeia de valor do produto é levada em consideração, desde a extração de matéria-prima, conversão, fabricação, distribuição, uso e, por fim, a gestão do final de vida, que inclui reuso, reciclagem, recuperação energética, dentre outros meios. Assim, é um modelo que não se baseia no consumo, mas no uso restaurativo, tendo ferramentas como a remanufatura para atingir tal finalidade.
Tradicionalmente, a indústria é caracterizada por consumir grandes quantidades de recursos naturais para a realização de seus processos. Os elevados custos associados à extração de matérias-primas, os danos ambientais causados pelos processos extrativistas e a possibilidade de escassez de recursos naturais trazem diversos desafios econômicos, ambientais e sociais. Uma das alternativas da Economia Circular para reduzir o consumo de recursos naturais é a utilização de resíduos entre sistemas, ou seja, o rejeito de um pode ser a entrada, como insumo ou mesmo matéria-prima, de outros processos, tanto em ciclos técnicos quanto ciclos biológicos.
A indústria automotiva, ao mesmo tempo em que possui uma grande importância na economia, é um dos setores que mais gera resíduos em seus processos no Brasil. Os principais resíduos gerados pelo setor são sucata metálica, óleos e tintas, resíduos perigosos e resíduos inertes. Cada um destes resíduos possui diferentes meios de tratamento, sendo que a sucata metálica passa por processos de separação, descaracterização e reciclagem; os óleos e tintas são armazenados, reciclados ou coprocessados; o resíduo perigoso é armazenado, coprocessado ou incinerado; e o resíduo inerte é reciclado ou disposto em aterro industrial.
No caso de veículos comerciais, o caminhão tem como material predominante o aço, presente na cabine, no motor e no eixo. No caso do câmbio, que é um agregado de grande porte, o material predominante é o alumínio. Em ambos os casos, tanto o aço quanto o alumínio são materiais recicláveis e, em grande percentual, reciclados. Além dos metais, existe também a possibilidade do uso de outros materiais reciclados, principalmente peças plásticas, tapetes de borracha e compensados para apoio de cama. Com isso, um caminhão pode atingir um nível de reciclabilidade de aproximadamente 90%.
A aplicação de elementos da Economia Circular na área de veículos comerciais traz diversos benefícios ambientais, mas também sociais e econômicos, como a geração de emprego. Financeiramente, as atividades de pós-vendas, voltadas para a aplicação de serviços nos caminhões durante a fase de uso, geram um aumento de receita, mostrando que a servitização não é apenas uma alternativa, mas uma inclinação do setor para aumentar a lucratividade por meio da prestação de serviços. Assim, este pode ser um caminho para o setor de veículos crescer, considerando as novas tendências e demandas do mercado.
Por fim, é preciso considerar todos os loops dos materiais nos processos e na cadeia do caminhão, havendo uma sincronia clara entre cada hierarquia de tratamento de materiais. Adicionalmente, para o funcionamento desse novo modelo econômico, é preciso desenvolver uma forma consciente de consumo de bens, compartilhando a responsabilidade sobre os impactos das cadeias de produção e consumo. Neste cenário, o governo seria um agente criador de incentivos para ações de Economia Circular, os produtores, responsáveis pelo desenvolvimento e vendas de bens com condições técnicas e econômicas de circularidade, e os consumidores, conscientes dos impactos de seus consumos e das possibilidades de circularidade dos materiais utilizados.
As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Aplicação dos princípios da economia circular em uma indústria de veículos comerciais, defendida por Marcos Tavares Barderi, ao Centro Universitário da FEI, sob orientação da professora Maria Tereza Saraiva de Souza.
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