Publicado em 27 de janeiro de 2022 por Mecânica de Comunicação
O sistema convencional de drenagem urbana consiste em coletar a águas pluviais e transportá-las rapidamente para jusante. Essa medida amplia a descarga de pico superficial da bacia, tornando-a propícia a inundações e consequente proliferação de doenças.
Uma solução para essa problemática é reduzir o volume escoando a partir da fonte, através das chamadas técnicas compensatórias, ou agir no contexto de uma abordagem maior, de Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto (LID), que visa prever os impactos e as ações antes da ocupação, de modo que a drenagem seja planejada antes mesmo da previsão dos lotes. Nessa abordagem, há diversas técnicas e dispositivos que auxiliam no alcance do objetivo, sendo uma delas as biorretenções.
As biorretenções são dispositivos que remanejam as águas pluviais para o solo de maneira a obter um comportamento hidrológico similar ao natural, reduzindo a vazão de pico e proporcionando recarga de águas subterrâneas. A presença de plantas nessa técnica não só auxilia na remoção de poluentes como contribui esteticamente para o local onde foi instalada.
Nesse sistema, podem ocorrer os processos de interceptação, infiltração, assentamento de partículas, evaporação, filtração, absorção de partículas, transpiração, evapotranspiração, assimilação de nutrientes, adsorção, nitrificação, desnitrificação, volatilização, atenuação térmica da água, degradação e decomposição. Devido a sua complexidade, o dimensionamento de uma biorretenção tem que ser bem detalhado para garantir bom desempenho, englobando todos esses processos.
A aplicação dessa técnica pode ser tanto em áreas comerciais, como em industriais e residenciais. Podem ser encontradas em perímetros de estacionamentos, calçadas, jardins, entre outros. Além disso, pode ter composições diferentes de acordo com a finalidade. Porém, o desempenho dessa técnica está condicionado a fatores que vão desde a regionalidade (clima, características do solo) a concepção de seu projeto.
A biorretenção apresenta bons resultados em relação a reter os sólidos totais presentes na água, assim como é eficaz na remoção de metais pesados, que ficam retidos já nas camadas superiores. No caso de patogênicos, essa técnica vem se destacando na remoção de E coli e coliformes fecais, devido ao seu design que permite reter as bactérias expondo-as às condições secas e luz solar.
Contudo, o tratamento de fósforo e nitrogênio em unidades de biorretenção apresenta divergências nos resultados de trabalhos realizados na área. Isso porque a remoção de nitrogênio depende muito de condições de matéria orgânica disponível, oxigênio dissolvido e tempo de detenção hidráulica. As condições de desnitrificação podem ser conseguidas quando a biorretenção é dimensionada para ter uma zona de saturação.
Em um estudo, foi verificada a boa remoção de óleos e graxas pelas biorretenções, com mais de 90% desses poluentes retidos. As bactérias presentes na camada com vegetação degradam rapidamente os hidrocarbonetos que ficam retidos.
As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Estudo da remoção de poluentes de águas da drenagem urbana por um dispositivo de biorretenção, defendida por Renata Maria Barros Braga, no Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento da Universidade Federal de Alagoas, sob orientação do professor Marllus Gustavo Ferreira Passas das Neves.
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