Publicado em 03 de fevereiro de 2022 por Mecânica de Comunicação
O Brasil tem um potencial enorme para implantação de projetos de reflorestamento, visando sequestro de carbono e eliminação de passivos ambientais. Dentre os domínios vegetacionais brasileiros, o dos Cerrados é estratégico para sua implementação. Processos antrópicos já degradaram aproximadamente 40% de sua área original e estima-se que até 2050 ocorra um aumento de 13,5%, resultando em uma média de 40.000 km2 (equivalente ao território da Suíça) de desmatamentos a cada década.
O Cerrado atua como ligação entre quase todos os biomas brasileiros, criando zonas ecotonais de alta complexidade e biodiversidade, com elevado grau de endemismo, sendo considerado um hotspot de biodiversidade mundial. Representa cerca de 14% da produção hídrica nacional, o que lhe confere elevada significância estratégica.
Com o intuito de dar eficiência na aplicação e fiscalização das políticas de conservação ambiental, através do Novo Código Florestal, foi criado o Cadastro Ambiental Rural (CAR), projeto pioneiro que busca construir uma base de dados estratégica, desburocratizada e constantemente atualizada, eficiente no controle, fiscalização e monitoramento de supressões vegetais ilegais. Tal mecanismo foi implementado via sensoriamento remoto, através de um cadastro eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de delimitar as classes de uso da terra, quantificar suas proporções e assim estabelecer diretrizes para adequação das propriedades rurais à legislação.
As áreas de passivo ambiental, quando recuperadas, atuarão no sequestro de carbono significativamente, e otimizar os métodos de regeneração é fundamental para viabilizar e dar eficiência. Para que isso ocorra de maneira satisfatória é necessário identificar espécies de rápido crescimento com foco em programas de reflorestamento de áreas degradadas, assim como locais potenciais de ocorrência dessas espécies.
Há quadros problemáticos referentes a tal método focado na otimização do sequestro de carbono, como a falta de embasamento técnico para seleção de espécies adequadas a cada etapa em cada local e o mau desenvolvimento inicial ou até mesmo o insucesso dos projetos, demandando excessivos tratos silviculturais iniciais, como controle de plantas invasoras e replantios.
Monetizar processos conservacionistas é um caminho que traria alta eficiência para tais medidas, com potencial de reduzir drasticamente o estímulo a supressões ilegais e fomentando a implantação de áreas para conservação e estoque de carbono.
Para que isso possa se tornar um processo pragmático, são necessárias metodologias que quantifiquem de forma eficaz os resultados em crescimento e estoque de carbono para que possa ser valorado de acordo com os preços praticados no mercado financeiro, assim como para calcular valores justos para o pagamento por serviços ambientais.
Além disso, modelos estatísticos consistentes, aplicados aos dados de pesquisas de larga escala, podem trazer avanços significativos na compreensão da dinâmica de nossos ecossistemas e na identificação e mensuração de fatores que influenciam a ocorrência de espécies.
As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Estratégia de maximização do sequestro de carbono na savana brasileira, defendida por Henrique Faria de Oliveira, na Universidade Federal de Lavras, sob orientação do professor José Roberto Soares Scolforo.
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade