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Publicado em 17 de fevereiro de 2022 por Mecânica de Comunicação

Reúso de águas regeneradas pode ser uma fonte alternativa para ampliar segurança hídrica

Incentivados pela crise e crescente escassez de água nos últimos anos, em função do aumento do consumo e dos problemas ambientais como a poluição dos mananciais, o reúso de águas regeneradas pode constituir-se em uma fonte alternativa que aumente a segurança hídrica. Há décadas inúmeros países utilizam o reúso de águas residuárias e/ou de aproveitamento de águas pluviais, e essas fontes alternativas desempenham importante papel socioambiental e econômico.

No que diz respeito à realidade urbana, ressalta-se que incentivos ao reúso e a conservação da água que abastece a cidade são soluções pouco adotadas, mas com potencial de impacto positivo no ciclo urbano hidrológico. O ponto central de mudança de paradigma é que a água utilizada e descartada retorna ao ambiente na forma de esgotos, ao invés de ser localmente tratada e reutilizada.

As principais modalidades e aplicações típicas do reúso são para fins potáveis do tipo direto ou indireto e para fins não potáveis como o reúso agrícola, urbano, industrial, recarga de aquífero e melhorias ambientais e recreacionais.

A capacidade de reúso instalada no Brasil foi estimada em 2017 como sendo de aproximadamente 2 m³/s, sendo que apenas 1,6 m³/s seriam realmente reutilizados, sendo boa parte devido ao Aquapolo, que trata atualmente 650 L/s provenientes da ETE ABC da SABESP para atender um polo petroquímico situado a cerca de 20 km através de uma adutora de 900 mm.

Contudo, o país ainda não dispõe de normatização técnica específica para os sistemas de reúso da água. Em geral, são adotados padrões referenciais internacionais ou orientações técnicas de instituições privadas. Este é um fator que dificulta a aplicação desta prática no país.

Por outro lado, no âmbito das grandes corporações, a prática de águas regeneradas se encontra bem consolidada, devido a: elevados/proibitivos custos da água potável do sistema público, considerando as grandes demandas do setor industrial; maior facilidade de operação e controle de processos, minimizando ou cessando o lançamento de efluentes em corpos d’água, além de reduzir volumes captados em mananciais e; maior autonomia e segurança hídrica.

No uso estritamente industrial, os parâmetros de qualidade da água de reúso são definidos basicamente em função da tipologia de sua aplicação e das exigências do processo produtivo, de forma a não afetar os processos fabris e a qualidade do produto final. Uma das principais aplicações do uso da água em indústrias ocorre nos sistemas de torre de arrefecimento.

As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Análise do potencial de reúso de água para fins não potáveis a partir do efluente tratado de Estações de Tratamento de Esgotos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, defendida por André Alcantara de Faria, junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sob orientação do professor Marcelo Obraczka e coorientação do professor Alfredo Akira Ohnuma Júnior.