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Publicado em 04 de setembro de 2025 por Mecânica de Comunicação

Biorremediação pode ser solução para combater a contaminação em manguezais

Os manguezais são um dos ecossistemas mais sensíveis e produtivos ao longo das zonas costeiras de todo o mundo e sua preservação é fundamental por conta da sua importância ecossistêmica, pois abriga uma ampla comunidade de plantas e animais com grande valor econômico e ecológico, mas que vêm sendo ameaçado em todo o mundo pela indústria petrolífera.

Os manguezais estão sujeitos a impactos ambientais pois a sua contaminação pode ocorrer através de diferentes fontes seja do oceano, dos rios e do continente, que os tornam um local ideal para acumulação de poluentes como Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos - HPAs, devido as características únicas do ecossistema que contribuem para a acumulação desses contaminantes, como material particulado em abundância, condição anóxica e altas concentrações de matéria orgânica, que são parâmetros que colaboram para a fixação e preservação dos HPAs nos manguezais.

Sabe-se que a contaminação por hidrocarbonetos no meio ambiente está relacionada com os processos de exploração de petróleo em todo o mundo, pois durante a prospecção, o refino, o transporte e nas operações de armazenamento, podem vir a ocorrer derramamentos acidentais ocasionando na contaminação de solos, rios, manguezais, praias e outros.

A presença de hidrocarbonetos nos manguezais pode causar diversos impactos negativos, como inibição do crescimento da vegetação, danos na membrana celular, no DNA/RNA, desajuste no metabolismo, desfolhação, diminuição do tamanho das folhas. A fauna que vive no manguezal também sofre efeitos crônicos por conta da exposição a hidrocarbonetos, como por exemplo anemia hemolítica em aves.

Nos últimos anos diversas técnicas de biorremediação vêm sendo utilizadas nos processos de biodegradação de petróleo, e o uso de microrganismos nos processos de biorremediação vêm apresentando resultados positivos. Nas pesquisas relacionadas a biorremediação de solos e sedimentos contaminados por petróleo a bioaumentação e bioestimulação são as técnicas mais difundidas.

A bioaumentação consiste na introdução de microrganismos com capacidade de utilizar o contaminante como fonte de energia e/ou com capacidade de converter o contaminante em formas menos nocivas, consumindo-os e consequentemente diminuindo a sua concentração ao longo do tempo. Enquanto a bioestimulação visa aumentar a atividade microbiana, com o intuito de acelerar e aumentar os percentuais de biodegradação através da adição de uma fonte menos complexa de nutrientes.

A micorremediação, o uso de fungos nos processos de biodegradação, tem se mostrado como uma alternativa eficiente na recuperação de matrizes ambientais contaminadas com hidrocarbonetos. Atualmente os trabalhos que visam identificar espécies de microrganismos com capacidade de sobrevivência a ambientes contaminados com petróleo, frequentemente encontram os fungos do gênero Aspergillus sp. em solos e sedimentos contaminados com hidrocarbonetos. E esses fungos vêm sendo frequentemente utilizados em pesquisas devido a sua tolerância a altas concentrações hidrocarbonetos e da capacidade de utilizar o petróleo como fonte de carbono para o seu desenvolvimento.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Biorremediação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos - HPAs em sedimento de manguezal assistida em biorretores através do fungo aspergillus sp. e de extrato vegetal, defendida por Milton Santos Cardoso Filho, no Programa de Pós-Graduação em Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente – POSPETRO, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, sob orientação do professor Ícaro Thiago Andrade Moreira e da coorientação da professora Odete Gonçalves.