Publicado em 22 de janeiro de 2026 por Mecânica de Comunicação
A Amazônia Legal tem sido alvo de ocorrências de mineração artesanal, tradicionalmente encontradas nos estados do Mato Grosso, cercanias de Pontes Lacerda, Alta Floresta e Poconé; Pará com destaque para a Bacia do Tapajós, Serra Pelada, Cumarú do Norte; no Rio Madeira que corta os estados de Rondônia e Amazonas e, mais recentemente, o Amazonas com, pelo menos, 3 regiões distintas: fronteira leste representando a continuidade da Província Tapajós, centro-oeste do estado no Rio Jutaí, e extremo oeste na fronteira com a Colômbia e, mais recentemente, em tributários do Rio Juruá.
A atividade de extração mineral interage com o meio ambiente de formas proporcionalmente complexas aos números e tipos de nichos ecológicos existentes, suas características ambientais, distâncias e fragilidade. Por outro lado, essa interação opera de maneira inversamente proporcional ao nível tecnológico empregado. Os garimpos, por utilizarem tecnologias artesanais na obtenção dos bens minerais, operando com métodos rudimentares no sentido de maior retorno com o menor investimento, transferem para o meio ambiente o ônus inerente à atividade.
Os garimpos na região Amazônica são fortemente associados às drenagens – ouro de aluvião – progressivamente se desenvolvendo para as planícies aluviais adjacentes ou, quando em vales encaixados, para o regolito. Os impactos ambientais produzidos pelos garimpos nas drenagens são de natureza física, química e biológica. As consequências físicas são marcadas nas alterações produzidas sobre a geomorfologia fluvial, no assoreamento das drenagens, no desbarrancamento das margens, turbidez da água.
As influências químicas são relacionadas a contaminações por metais pesados introduzidos direta e/ou indiretamente, com destaque para o mercúrio, por hidrocarbonetos e lixos industriais e domésticos. Os impactos biológicos são principalmente relacionados redução e extinção de espécies, bem como a poluição e contaminação perene do meio.
Recursos técnicos, bancos de dados digitais, métodos de geoprocessamento e sensoriamento remoto são ferramentas imprescindíveis no mapeamento das áreas garimpadas, especialmente empregando dados multitemporais. Possibilitam a rápida obtenção de informações espaciais em diferentes datas, permitindo acompanhar a evolução da paisagem.
Os modelos de imageamento orbital operados pelos sistemas LANDSAT, e PLANET fornecem dados atuais e de anos anteriores, são imprescindíveis para extrair informações geográficas sobre a área com sua configuração morfológica atual e em momentos anteriores, possibilitando mapear as alterações sofridas. Modelos digitais de terreno podem ser empregados para entender o arcabouço morfo-estrututral de uma bacia e elaborar o mapeamento dá área anterior ao garimpo. As imagens do sistema PLANET possuem a melhor resolução temporal e espacial dentre as utilizadas, possibilitam a obtenção de imagens viáveis para acompanhar a evolução mensal ou semanal dos alvos de alteração florestal.
Ferramentas como Fluorescência de Raios-X por Reflexão Total – TXRF Total Reflectance X-ray fluorescence – e por Difração de Energia – EDXRF Energy Dispersion X-ray fluorescence – podem subsidiar informações da forma como a contaminação por mercúrio é realizada durante as atividades de extração do ouro.
As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Impactos ambientais da mineração aluvionar de ouro na bacia do rio Boia – Amazonas, defendida por Ricardo Lívio Santos Marques, no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas, sob orientação da professora Maria Teresa Gomes Lopes.
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade