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Publicado em 24 de fevereiro de 2022 por Mecânica de Comunicação

Compostagem possibilita reutilizar resíduos de podas e jardins beneficiando o meio ambiente

O resíduo de poda e remoção de árvores gerado pelo município de Rio das Ostras (RJ) é formado por galhos de árvores, troncos, folhas de palmeiras, aparas de grama e restos de plantas ornamentais. Esse material pode ser aproveitado com um baixo custo na substituição de recursos naturais na confecção de substratos, além de economizar no manejo destes rejeitos pelas prefeituras.  

Os resíduos de poda de árvores em áreas urbanas são exemplos de resíduos orgânicos que são mal aproveitados, podendo parar nos aterros sanitários encurtando a vida útil destes e causando problemas ambientais. Um estudo de 2010 buscou quantificar, caracterizar e elaborar um modelo de gestão para os resíduos da arborização urbana no município de Piracicaba (SP), trabalhando com dez espécies de maior ocorrência na arborização. A conclusão foi que a maior parte da biomassa gerada teria maior potencial para ser transformada em composto orgânico.  

Isso porque foi quantificado que 69% do resíduo gerado pela manutenção da arborização urbana era composto por ramos e galhos finos com até 8 cm de diâmetro. Os resíduos gerados tanto na indústria, como na agropecuária e no meio urbano, quando são transformados adequadamente e destinados para a horticultura, reduzem o potencial poluidor, reduzem custos e geram renda para o produtor rural. 

Nesse sentido, a compostagem permite que o resíduo retorne a natureza como importante fonte de nutrientes aos solos cultivados, uma vez que as substâncias produzidas são similares em composição ao húmus do solo e de minerais.  

Quando se pensa na engenharia do processo de compostagem tem que se pensar na eliminação de odores, no controle da umidade para evitar a contaminação do solo por chorume e evitar a falta de aeração através do revolvimento do material e do formato da leira. Por ser um processo biológico, é preciso observar fatores como: aeração, pH, umidade, temperatura e a relação dos nutrientes carbono/nitrogênio (relação C:N). 

Esse processo permite obter compostos orgânicos que atendem as especificações estabelecidas na Instrução Normativa SDA/MAPA N° 25 do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a partir de resíduos triturados de poda urbana, sendo que a adição de torta de mamona em pequena proporção (1,0% v/v) eleva significativamente o teor de nitrogênio dos compostos obtidos.  

A torta de mamona é o subproduto da extração de óleo da semente de mamoneira. Por conter altos teores de nitrogênio, além de ser excelente fonte de potássio e fósforo, tem uso agrícola como adubo orgânico. Em avaliação de casca e torta de mamona como fertilizante orgânico analisado no laboratório de solos da Embrapa Algodão, obteve-se os seguintes teores de nutrientes na torta de mamona: 7,54% de nitrogênio, 3,11% de fósforo, 0,66% de potássio, 0,75% de cálcio e 0,51% de magnésio. Um trabalho científico ainda concluiu que a adição de torta de mamona à massa de composto resulta em produtos finais nutricionalmente mais ricos , além de aumentar a biomassa fresca e a biomassa seca. 

As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Aprimoramento da Compostagem de Resíduos de Podas e Jardins por Meio de Técnicas de Baixo Custo, defendida por Renato Alves Ferreira, no Programa de Pós-Graduação em Agricultura Orgânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sob orientação do pesquisador Marco Antônio de Almeida Leal.