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Publicado em 03 de março de 2022 por Mecânica de Comunicação

Biogás proveniente de aterros sanitários impulsiona a erradicação de lixões 

O biogás proveniente de aterros sanitários vem se tornando uma fonte potencial de energia renovável. Além da produção de energia elétrica para suprir as demandas locais, com a geração distribuída, contribui ainda para a diminuição de danos ambientais da disposição final de resíduos sólidos urbanos (RSU), para a redução de emissões de gases de efeito estufa e para impulsionar a erradicação de vazadouros a céu aberto (lixões).  

Esta alternativa torna-se ainda mais atrativa quando, em uma visão holística, destacam-se as contribuições e melhorias para a segurança energética, incrementando a geração de energia elétrica e térmica de fonte renovável descentralizada (geração distribuída – GD), bem como o aumento das taxas de autossuficiência no tratamento de RSU, na geração de energia e na utilização dos recursos. 

A geração de energia elétrica a partir do biogás se dá a partir da utilização de dispositivos tecnológicos que em uma primeira etapa convertem a energia química presente no combustível, o metano, em energia cinética de rotação, através dos motores. O motor se conecta a um gerador, que transforma esta energia cinética de rotação em energia elétrica. Qualquer que seja o dispositivo que converta a energia química do metano em energia cinética de rotação, este deverá estar conectado a um gerador para a produção da energia elétrica. Existem diferentes tipos de rotas tecnológicas para viabilizar a utilização do biogás produzido em aterros sanitários. 

O biogás gerado nos aterros sanitários é captado, podendo, em seguida, ser direcionado a quatro formas distintas de aproveitamento: a geração de energia elétrica; a geração de energia térmica; o uso como combustível veicular; e o uso para iluminação a gás. Todavia, é de suma importância conhecer os parâmetros característicos do biogás gerado, como a vazão, a composição química e o poder calorífico, uma vez que são justamente estes parâmetros que são determinantes do real potencial energético do biogás. 

Isso significa que, independentemente do tipo de aproveitamento do biogás, o sucesso da proposta está na eficiência dos sistemas de extração e purificação do biogás, aumentando, assim, seu poder calorífico e reduzindo os contaminantes que reduzem seu potencial energético. As impurezas contidas no biogás podem afetar a eficiência de conversão energética dos equipamentos ao longo do tempo, uma vez que podem reagir com os materiais que os constituem. Desta forma, quanto maior a concentração de metano e quanto mais puro for o biogás, maiores são as garantias. 

A dissertação de mestrado Análise do potencial energético territorial do biogás proveniente de aterros sanitários para inserção na matriz elétrica do Estado de Minas Gerais no horizonte de 2050, defendida por Wemerson Rocha Ferreira, junto ao Departamento de Engenharia Nuclear da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação da professora Antonella Lombardi Costa e coorientação da professora Bruna Fátima P. Guedes Flausino, apresentou cenários do potencial do uso do biogás a partir de RSU nos dezessete Territórios de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais, no horizonte de 2050. 

Dentre todos, o Metropolitano apresenta o maior potencial de geração de RSU, com 3.562.979 t/ano, de um total de 9.319.081 t/ano para todo o Estado. Com isso, o potencial teórico do Metropolitano para a produção de biogás de aterro e seu possível aproveitamento para a geração de eletricidade é de 2.237,06 MWh/dia, sendo que este cenário tem como tecnologia de conversão energética o motor Ciclo Diesel. O melhor resultado para o Estado corresponde a uma potência “instalada” de 5.851,11 MWh/dia para o ano de 2050.