Publicado em 05 de maio de 2022 por Mecânica de Comunicação
As emissões de gases de efeito estufa (GEE) da indústria de petróleo e gás natural estão associadas às emissões fugitivas não intencionais, intencionais (venting), por queima em tocha (flaring) e de combustão para geração de energia. As emissões fugitivas são uma massa de gases liberados de maneira não controlada de equipamentos de processo pressurizado como válvulas, flanges, bombas e compressores, além de linhas e tanques.
Em inventários de GEE são incluídas nas emissões fugitivas, as de venting e flaring, sendo venting a liberação de gases (gás natural, vapores de hidrocarbonetos, vapor d’água e outros gases como CO2) de forma controlada para a atmosfera, e o flaring, a queima de gás em sistemas de tocha. O venting é uma opção técnica à queima de gás em tocha, contudo ele libera grandes volumes de CH4, que apresenta poder de aquecimento global (ou GWP) maior que do CO2, sendo, por causa disso, geralmente evitado. Além destas, outras importantes fontes de emissões de GEE encontram-se relacionadas à combustão de petróleo, gás natural e seus derivados visando gerar energia.
Para o inventário nacional, as emissões fugitivas da indústria de petróleo e gás natural são contabilizadas conforme a metodologia do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), incluindo as emissões não intencionais, venting e flaring. As emissões fugitivas de petróleo no Brasil correspondem a cerca de 0,5% das emissões totais de GEE no país, sendo que tendem a aumentar com a expectativa de crescimento da produção e do processamento de petróleo e gás natural.
A fase de exploração de petróleo e gás natural consiste nas atividades como a sísmica, a perfuração e os testes de poços. Já a fase de produção traz como atividade a elevação do petróleo e gás natural, além de armazenamento e escoamento. Na sísmica, as emissões são basicamente associadas à queima de combustível para gerar energia tanto dos caminhões, dedicados à sísmica terrestre, quanto dos navios sísmicos, dedicados à sísmica marítima. Na perfuração, o petróleo e gás natural quando descobertos são geralmente queimados, pois ainda não há tanque de armazenamento ou sistema de escoamento. A maior fonte de emissões de GEE é devido a combustão para geração de energia.
Os dados de emissões de GEE da fase de exploração no Brasil, geralmente são apresentados em conjunto com os da fase de produção, no entanto, devido ao caráter temporário e tipo de atividade, é possível afirmar que suas emissões são menores.
Dentro das emissões de GEE apresentadas nesta fase exploratória, a maior parte de CO2 está associada ao flaring durante a perfuração de poços. Em relação ao CH4, as emissões estão associadas ao fraturamento hidráulico, comum principalmente em reservatórios de petróleo e gás não convencionais, ainda não operacional no Brasil. Na fase de produção, além da combustão para gerar energia, as emissões de CO2 são referentes majoritariamente a flaring e a de CH4 por emissões fugitivas e venting.
Desse modo, a indústria de petróleo e gás natural brasileira pode implementar medidas de mitigação de emissões de gases de efeito estufa, como a melhora na eficiência e no investimento em cogeração; pesquisa e desenvolvimento em novas tecnologias; redução de flaring e venting quando possível; participação em projetos de energia renovável; e participação em mercados de carbono e estabelecimento de precificação interna de carbono. Muitas medidas podem reduzir os custos de operação e manutenção, mas necessitam de investimentos e por vezes, incluem a parada de operação.
As informações foram extraídas da dissertação de mestrado Opções de mitigação das emissões de gases de efeito estufa na indústria de petróleo e gás natural brasileira, defendida por Fernanda Martins Hargreaves, no Programa de Pós-graduação em Planejamento Energético, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação do professor Emilio Lèbre La Rovere.
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