Publicado em 22 de setembro de 2022 por Mecânica de Comunicação
Para elaboração de estudos de viabilidade de implantação de diferentes processos de tratamento de esgoto é importante entender o fracionamento dos custos operacionais das estações e quais os tipos de gastos que mais contribuem para a composição dos custos operacionais totais de diferentes tecnologias de tratamento.
Na dissertação de mestrado Análise Comparativa dos Custos Operacionais de 44 Estações de Tratamento de Esgoto na Região Sudeste do Brasil, defendida por Filipe Nepomuceno Bicalho Santos, no Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação do professor César Rossas Mota Filho, foi verificado que os custos por metro cúbico de esgoto tratado apresentaram grande variação de uma ETE para outra, com grande influência da vazão tratada nos custos operacionais.
Foi encontrada a mediana geral para o custo operacional das estações analisadas de R$ 0,96/m³, valor próximo ao reportado na literatura. O maior custo operacional foi de R$ 4,67/m³, para a ETE 04, com equivalente populacional menor do que 5.000 habitantes e cujo tratamento é realizado por reator UASB. Contudo, essa ETE tem 56% de capacidade ociosa, sendo que os custos operacionais seriam de R$ 2,05/m³, caso operasse em plena capacidade. Além disso, esta estação é localizada em área de risco, necessitando de vigilância constante, o que eleva o custo operacional.
Já o menor custo operacional foi de R$ 0,13/m³, para a ETE 43, com equivalente populacional maior do que 50.000 habitantes e processo de tratamento por reatores UASB seguidos de filtros biológicos percoladores. Foi observado que a maior despesa das ETEs foi com “Pessoal” (média geral de 72% / mediana de R$ 0,73/m³).
Analisando-se apenas os processos de tratamento, o processo do tipo Lagoas teve a menor mediana de custos. O processo de reatores UASB seguidos ou não de pós tratamento teve a maior mediana de custos operacionais, todavia, este é o processo de tratamento da maioria das ETEs de menor porte, que também tiveram a maior mediana de custos operacionais.
Com base nos testes estatísticos realizados, a comparação entre diferentes tecnologias só deve ser realizada para ETEs de mesmo porte, sendo que pelo teste de Kruskall-Wallis, seguido de Dunn, na análise dos grupos divididos por equivalente populacional, foi observado que as medianas de todos os grupos se diferenciam entre si. Com isso, e com base na análise dos custos operacionais para as ETEs de porte superior e para os grupos de UASB/UASB+Pós e Sistemas Aerados, ficou explicitado menor custo operacional do primeiro processo.
Segundo o teste de Spearman, foi observada forte correlação, conforme esperado, entre vazão e porte, e correlação regular entre o porte e os custos operacionais das unidades, sendo observado que o menor custo operacional foi das ETEs para atender a populações acima de 50.000 habitantes. Neste caso, apesar da maior complexidade operacional das unidades e do maior contingente de pessoal empregado, o grande volume tratado dilui os gastos, tornando o custo unitário relativo menor, sendo mais de 3 vezes inferior do que o custo das ETEs de menor porte, que apresentaram os maiores custos operacionais. Esta análise permite vislumbrar vantagens na centralização do tratamento de esgotos durante a concepção ou para otimização dos sistemas de esgotamento sanitário de cada bacia/município, mediante estudos comparativos de viabilidade de implantação de sistemas de coleta
Pela avaliação da ociosidade das estações nota-se a grande diferença entre os custos operacionais calculados a partir da vazão real afluente à estação e a partir da vazão para a qual a estação foi projetada. Foi percebida drástica redução na mediana geral dos custos das ETEs com a vazão de projeto, que caiu para menos da metade (R$ 0,45/m³) da mediana geral das ETEs com a vazão real. Analisando-se separadamente, todos os agrupamentos tiveram grandes reduções nos custos operacionais, em especial o grupo de processos UASB/UASB+Pós. Esta análise permite atentar para a importância do planejamento da implantação das unidades do sistema de esgotamento, assim como a etapalização de unidades, para que as vazões de início de operação não sejam tão inferiores às vazões de projeto.
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