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Publicado em 09 de outubro de 2025 por Mecânica de Comunicação

Milho e sorgo podem ser alternativas para produção de biogás

No Brasil, as principais fontes de produção de biogás no Brasil são os aterros sanitários (51%), a indústria de alimentos e bebidas (25%), a suinocultura (14%) e o lodo de esgoto (6%). Devido ao elevado potencial de produção de biogás por parte dos materiais lignocelulósicos e pelo fato de o Brasil ser um país agrícola com expressiva produção de culturas energéticas, os estudos sobre a utilização de milho e sorgo na produção de biogás vem se expandido.

A produção de biogás a partir de culturas de cereais, como é o caso do milho e do sorgo, pode ser realizada a partir da matéria-prima in natura ou ensilada. A ensilagem é realizada a fim de aperfeiçoar a produção de biogás, uma vez que essa técnica permite o armazenamento da biomassa, mantendo o conteúdo energético das culturas e garantindo satisfatório valor de nutrientes para biodigestão anaeróbia.

O milho Zea mays L. é, atualmente, a cultura energética com maior relevância mundial na produção de biogás, devido, principalmente, ao seu alto potencial de produção de matéria seca, composição química e elevado rendimento na produção de metano. Na grande maioria das vezes, o milho, para produção de biogás, é ensilado. A silagem de milho é considerada um substrato chave para a produção de biogás agrícola devido ao seu alto potencial de rendimento de biomassa e composição química, incluindo alto teor de carboidratos solúveis e proteínas, bem como ingredientes fibrosos estruturais, celulose, hemicelulose, amido e teor de açúcar.

Nos Estados do centro-oeste brasileiro, é comum o cultivo de milho segunda safra. Porém, em muitos casos, esse cultivo é realizado em solos arenosos, de menor fertilidade química e menor capacidade de retenção de água, causando redução nos índices produtivos da cultura. Nesse contexto, por se tratar de cultura tolerante a diversos estresses e menos exigente que o milho, do ponto de vista da fertilidade, o sorgo vem despertando um interesse cada vez mais crescente.

Pertencente à família Poaceae, apresenta crescimento rápido e elevada produção biomassa, a qual pode atingir índices produtivos entre 50 e 100 t ha-1, com teor de matéria seca (MS) de até35 g kg. Um estudo verificou-se que, mesmo em condições de suprimento reduzido de água e nitrogênio, o sorgo produziu maior quantidade de biomassa do que o milho, demonstrando alta eficiência no uso da água e do nitrogênio. Isso indica que a cultura do sorgo é mais tolerante ao déficit hídrico e exige menor aporte de fertilizante no seu cultivo, o que reduz os custos de produção e permite seu cultivo em sistemas com reduzida entrada de insumos. Além disso, a cultura permite a manutenção da flexibilidade nas rotações de culturas e demonstra adaptação a diferentes ambientes e condições de solo, inclusive em terras marginais.

Outra vantagem relacionada ao cultivo do sorgo, é que esse pode ser facilmente cultivado por sementes, utilizando-se práticas de manejo e proteção fitossanitária semelhantes ao milho, em um cultivo totalmente mecanizável, com uso dos mesmos maquinários normalmente adotados para cultivar outros alimentos.

Deve-se salientar que, devido ao aumento das pesquisas e das iniciativas de produção de bioenergia a partir do sorgo, programas de melhoramento genético vêm desenvolvendo cultivares denominadas de sorgo biomassa, as quais têm ciclo curto e maior potencial de produção de biomassa quando comparadas às cultivares dos outros grupos, indicados, principalmente, para a produção de biogás e bioetanol. Exemplo disso são as cultivares de sorgo biomassa desenvolvidas pelas Embrapa.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Potencial de produção de biogás a partir de biomassa in natura e ensilada de culturas energéticas, defendida por Evandro Carlos Dal Bem, no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia e Grãos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde, sob orientação da professora Renata Pereira Marques e coorientação da professora Ana Paula Cardoso Gomide.