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Publicado em 27 de outubro de 2022 por Mecânica de Comunicação

Influência das emissões do transporte marítimo na saúde humana

As emissões dos barcos durante as últimas décadas aumentaram consideravelmente a nível mundial, onde prevê-se que o transporte marítimo emitirá 17% das emissões mundiais de gases de efeito estufa em 2050, e é o principal modo para o transporte de carga, com aproximadamente 90% do comércio mundial.

O segmento contribui com 15% dos NOx antropogênicos e 8% das emissões de SOx. As emissões do setor de transporte comercial internacional contribuem com 1-2% das emissões globais de Black carbono (BC). A contribuição direta do tráfego marítimo nas concentrações atmosféricas é muito variável entre um lugar e outro como consequência da distância física, mas também devido aos efeitos meteorológicos e micro meteorológicos locais que influenciam na dispersão das plumas emitidas pelos barcos. As emissões dos barcos têm uma influência significativa sobre a qualidade do ar local, especialmente quando os portos estão localizados perto de cidades.

Um estudo acadêmico modelou o impacto das emissões dos barcos na qualidade do ar nos parques nacionais de Alasca, concluindo que as embarcações foram responsáveis por 30-40% das concentrações de Material particulado (MP2.5 e 10% das de MP10).

Pesquisadores também modelaram as concentrações ambientais de MP oriundas de navios oceânicos utilizando dois inventários de emissões e dois modelos globais de dispersão, e estimaram a mortalidade regional aplicando aumentos ambientais de MP devido a barcos e modelos populacionais. Os resultados indicaram que as emissões relacionadas ao transporte são responsáveis por 60.000 mortes por câncer cardiopulmonar e pulmonar anualmente, com a maioria das mortes ocorrendo perto das costas na Europa, Ásia Oriental e sul da Ásia.

O Brasil ocupa a terceira posição entre os países com maior potencial de exploração de águas internas navegáveis e os navios são usados para transporte de carga e passageiros, destacando o turismo. Dados de 2013 mostravam que o Brasil contava com uma frota de 70 mil embarcações acima de 4,88 metros, que inclui lanchas, veleiros, iates e embarcações de médio porte (comprimento inferior a 24 metros).

Assim, é de suma importância estudar os poluentes emitidos pelos barcos e como eles afetam a saúde humana, já que o transporte de passageiros e carga está em crescimento a nível mundial. Para isso, é fundamental determinar os níveis de exposição pessoal, que é definida como um evento que ocorre quando a pessoa entra em contato com um poluente de certa concentração durante um período de tempo determinado.

Ainda, outro conceito intimamente relacionado à exposição pessoal é a de dose de um poluente, que consiste na passagem do poluente através de uma fronteira física, ou seja, é a quantidade de material absorvido ou depositado no corpo durante um período de tempo. A exposição no interior dos barcos depende das condições do motor e a localização do assento do passageiro.

Requerem-se estimativas precisas da exposição das pessoas à poluição do ar para compreender o alcance e a magnitude de seus impactos sobre a saúde. A medida contínua das concentrações de poluentes com as quais uma pessoa entra em contato é a melhor forma de avaliar sua exposição. Isto permite quantificar a contribuição de diferentes atividades e microambientes a sua exposição diária total, o que proporciona uma base para identificar onde e como se podem reduzir as exposições.

As informações acima foram extraídas da dissertação de mestrado Poluição do ar dentro de barcos no litoral do Estado do Paraná, defendida por Álvaro Alfredo Parra Coloma, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, sob orientação da professora Patricia Krecl.